Blog do Paullo Di Castro


terça-feira, 31 de março de 2009

Diploma pra que te quero?

Nessa quarta-feira o Supremo Tribunal Federal irá julgar uma causa que decidirá o futuro da profissão de jornalista, inclusive se ela continuará sendo uma profissão, porque chegamos ao cúmulo de ter que ir à última instância do Poder Judiciário para definir se os quatro anos que passamos em uma academia vale o mesmo que cair de pára-quedas e se tornar um jornalista por acaso ou não.
Me lembro sempre o clássico exemplo dos dentistas práticos que tinham antigamente, e vez ou outra ainda se descobrem uns consultórios na clandestinidade, com elementos que não tiveram a qualificação necessária, de anos de árdua dedicação acadêmica, e vão mexer na nossa boca para fazer Deus sabe o quê. Se saúde é um bem vital, que não se compara a outra prestação de serviço na comunidade, como podemos achar que a informação, que é um instrumento imprecindível para a formação de opinião do indivíduo, seja tratada diferentemente?
Não suporto falar na idéia de reserva de mercado. Isso é ridículo, como se pode reservar meramente uma área de trabalho, se não definir como os profissionais estarão habilitados para exercê-la? Dentro do jornalismo, temos um leque de opções para outros profissionais atuarem. Os gêneros jornalísticos, que são divisões como o colunismo, em que o profissional pode expressar sua opinião dentro da sua área de atuação, o que, ao saber se comunicar, irá fazer melhor que um jornalista, que terá pouquíssimo tempo de pesquisa para se expressar sobre algo que não teve vivência. Isso fora os inúmeros profissionais distintos que fazem um meio de comunicação veicular o seu produto, sempre um constante trabalho em equipe. Se essa equipe, em maioria técnicos, precisam de um curso técnico para desempenhar suas funções, como um jornalista não precisaria?
Depois da categoria conviver com ditadura militar, a censura que calava e impedia o trabalho como deveria ser realizado, de estarmos em uma era capitalista que faz o jornalismo virar um produto de alto teor comercial, sempre vinculado ao poderio econômico, agora temos a rasteira de ter a banalização de uma profissão digna, assim como todas realizadas com ética e seriedade.
Espero que o alto escalão de nossa justiça sejam conscientes ao dever de preservar um trabalho de tamanha importância para nossa sociedade. Sem querer ser muito dramático, e já sendo, nessa quarta-feira a carreira de muita gente está em jogo. E a da sociedade brasileira também.

sábado, 21 de março de 2009

A volta dos homens de preto.


Depois de um longo verão, estão na telinha novamente os caras de melhor veia informativo/humorística do Brasil. Custe o que custar, eles vão atrás de entreter nossas noites de segunda como ninguém mais do jornalismo e do humor sabe fazer.

Marcelo Tas é um careca que admiro desde a infância. Não peguei direito sua fase de Repórter Ernesto Varella, mas do Professor Tibúcio e do Telekid (porque sim não é resposta!), dos Rá-Tim-Buns da vida eu tenho boas lembranças. De vez em quando dá uma vontade de assistir...

O fato é que o Tas é um cara multimídia de ótima referência. O primeiro blog que acompanhei foi o dele, sempre espontâneo, com informação inteligente e reflexiva, ele sabe trabalhar com os poderosos meios de comunicação como poucos.

Tirando que a fórmula é argentina, o CQC preenche uma lacuna imensa em nossa grade de televisão, o osso duro de roer ao começar uma semana fica mais leve quando se assiste as boas duas horas de programa. Na reestréia semana passada a guerra do IBOPE fez a Globo extender o Big Brother por vários minutos, e a BAND segurou o CQC até o último momento do reality show, tudo em nome da audiência. Uma pedra no sapato da rede majoritária sempre é interessante.

Quadros como o Proteste Já é de grande relevância para a sociedade, são busca por soluções que só com muita cobrança, trabalho minucioso da imprensa pode-se tornar realidade. Diante de um bom repórter, um microfone e uma câmera de TV muita coisa muda!

A cobertura política nunca foi a mesma depois dos engravatados se submeteream a qualquer coisa para buscar uma resposta exclusiva com nossos representantes do poder, gerando assim uma proximidade nunca alcançada em jornalismo convencional, que proteje as figuras por trás de protocolos, ética (o que é realmente importante), convenções, pautas engessadas... Enfim, ser diferente é um privilégio para se levar uma informação que impacte as pessoas, deixar os políticos bem vulneráveis para se conhecer melhor seu caráter, sua interação com quem o colocou naquele lugar, é um dos melhores exercício de uma democracia!

A parte do showbizz tem seus exageros naturais, as benditas celebridades rendem pano pra manga, aí , o momento mais "pânico" do programa aparece pra aguçar a vontade do povão ver seu artista sendo pego no pulo. Não precisava cobrir todo lançamento de Playboy, mas, é caminho sem volta bater nessa tecla.

Todos os repórteres, sejam os de fato jornalistas, ou os humoristas bem rodados que compõem o elenco, tem o seu brilho natural, seu jargão, sua personalidade colocada em cada matéria. O melhor de tudo é ver essses figuras fazendo o que você sempre quis fazer, lá no fundo e não podia, não sem um microfone e muita cara-de-pau.

Vida longa ao CQC, a você recomendo: Olha isso e beijomeliga!

quarta-feira, 18 de março de 2009

É um pássaro? Um avião? É um maluco querendo atenção...


Relutei um pouco em escrever sobre o mais estranho incidente que Goiânia já presenciou. Não bastava estarmos queimados a mais de vinte anos com o acidente do césio, agora voltamos às páginas de toda a mídia nacional e várias pelo mundo.
Devemos todo esse cenário a um louco-rebelde-sem-causa que achou que a solução de seus problemas era dar fim a própria vida, levar uma inocente junto, agredir covardemente outra criança e sua própria esposa, terminando sua vida mesquinha de forma "hollywoodiana", atirando-se com um avião em um dos locais mais movimentados da capital goiana.
Recuso-me a acreditar que ele queria prioritariamente chamar a atenção e ser lembrado de uma forma digna. O que mais assombra nesse fato sem precedentes é de que não conseguimos entender a verdadeira motivação desse ex-cidadão. Como alguém em pleno gozo de suas faculdades mentais vai pré-meditar uma barbaridade dessa, atentar contra a vida de pessoas inocentes, que não escolheram fazer parte do seu circo de horror?
O ócio em que vivia esse elemento pode provocar os "instintos mais primitivos" como diria Roberto Jéfferson. Não tem coisa pior que mente desocupada. Para alguém que mamava nas tetas da mãe mesmo após formar família, não podia se esperar muita coisa, mas nada que se compara ao showzinho infame provocado pelo despreparado.
A cobertura da mídia, até pela novidade do acontecimento, foi um pouco atropelada, vários órgãos cuidando de perto do caso, o que gerava informações desencontradas, mas por mais fundo que seja o buraco, e após sua mulher dar depoimentos em defesa do covarde, não vale a pena fixar tanto nossas atenções nesse caso.
Espero muito que isso tudo não inspire novos aficcionados por aviação a tentar ter seus quinze minutos de fama. Já bastou Bin Laden ter influenciado uns cabeças fracas como esse, que , ao contrário do saudita que tinha uma causa para defender, mesmo sendo radical a ponto de matar tantos inocentes, tudo o que o protagonista da semana conseguiu foi deixar esse rastro de maldade, insensatez e principalmente, a certeza de que tudo foi em vão.

quinta-feira, 12 de março de 2009

Pizzaria assembleiana

Como uma empresa do governo, que não tem concorrência pode quebrar? Essa pergunta não quer calar, até porque o serviço mais importante que ela executa, o fornecimento de energia para a população, não foi em nada abalado. Apresento-lhes a realidade da Companhia de Energia de Goiás (CELG).

A empresa passa problemas visíveis. Seu gasto operacional é altíssimo. E como em toda crise política, a paternidade de raiz do problema não se revela em total transparência. Aí vira um ping-pong entre os rivais do poder. A chamada base aliada de hoje atribui a culpa no PMDB, pela venda da Usina de Cachoeira Dourada na época do governo de Maguito Vilela. Em contrapartida, o PMDB acusa a turma de Marconi Perillo de prejudicar a empresa no processo de federalização da CELG. Além dos períodos eleitorais sempre mexerem de um jeito ou de outro na máquina do governo, o governo agora de Alcides Rodrigues também entra no bolo de suspeitos da quebra da CELG.

Como já escrevi aqui, não foi a ridícula economia de energia do horário de verão que iria salvar a estatal, além de aumento abusivo nas tarifas mostravam que a arrecadação precisava ser maior, a crise era anunciada pela demora nos serviços de religação, que não podiam ser feitos por telefones públicos, pois exigiam identificação concreta do pedinte. Para os inadimplentes o corte do fornecimento era rápido, tudo feito com vários carros alugados, gerando um gasto exorbitante.

O deputado Daniel Messac tomou frente para a abertura de uma CPI, sendo que a mesa diretora contaria com parlamentares dos dois partido mai envolvidos. Eram necessários 14 assinaturas, porém, mesmo o proponente afirmando que já as tinham, alguns após diálogos de suas bancadas se desfizeram do compromisso. Houve até um deputado (Paulo César Martins) que assumiu em entrevista no Programa Cá entre Nós da Rádio 730, usar a CELG de forma ilícita.

No fritar dos ovos tudo acabou como a maioria das auto-investigações feitas por nossos parlamentares: em uma intragável e amarga pizza. Já para outros a pizza tem sabor de massa refinada e recheio tão saboroso como o poder.

Isso foi uma mostra grátis da disputa que está por vir em 2010. Tudo indica que os maiores caciques da política goiana irão se degladiar pelo governo: a disputa entre Íris x Marconi promete, e já estão rolando as preliminares.

segunda-feira, 9 de março de 2009

O brilho do "Senhor dos anéis"


Pensa em um jogo que eu não estava nem aí! Era o tal Palmeiras x Corinthians, para mim, dois clubes de repugnância, tanto faria o placar que fosse. Principalmente pelos holofotes demasiados no Ronaldo "Fofômeno" Nazário.

Depois da câmera focar mais ele que o restante do jogo em Itumbiara, mesmo entrando depois dos 20 do segundo tempo, em São Paulo (Presidente Prudente) o assédio seria maior.

De fato o foi, para mim, um exagero em torno da volta de quem muito derrapou na carreira, mesmo com o tudo o que fez quando esteve em campo, muitos, assim como eu, tem o péssimo hábito de se lembrar muito mais nos incidentes fora de campo que nos resultados dentro dele.

Antes da Copa de 2002, a massa desconfiava que Ronaldo não conseguiria se recuparar da cirurgia no joelho, fruto de quase dois anos de intenso tratamento após um lance que entrou na história pelo show de horror, ao ser mostrado nitidamente a rótula do joelho do atleta subir de maneira espantosa, deixando seu dono contorcendo de dor. A lembrança má da Copa de 1998, que ninguém de fato sabe tudo o que aconteceu, deixava um circo de pulgas atrás das orelhas dos brasileiros.

Pedimos o Romário incansavelmente, o baixinho chorou, mas não comoveu o pai da família Scolari, Felipão, que chamou Ronaldo pronto para contar com ele por todo o certame. Isso parecia uma incógnita, até ele se destacar jogo após jogo e decidir com todos os méritos a final contra a Alemanha, deixando dois na rede e garantindo o caneco.

Aquela vez deu certo, mas sete anos depois a desconfiança aumenta. Mas, acima de qualquer turbulência em sua vida pessoal, entrar no jogo na metade do segundo tempo, tocar na bola três vezes e ser melhor assim que todo o ataque de sua equipe, e por fim, deixar sua marca no último minuto dos acréscimos. Está de volta o Fenômeno, reacendendo assim sua estrela.

Coisas de jogador fora de série. Espero que sua cabeça esteja bem centrada para ele jogar o futebol que sabe e deixar um pouco as páginas de fofocas para brilhar nas de esporte. Dou o braço a torcer: o cara é bom e pronto! Melhor que Pelé também não, mas em nossa geração, Ronaldinho faz a diferença em sua profissão.
Vale lembrar que uma longa jornada vem pela frente, Ronaldo ainda precisa jogar muito para provar que pode voltar a ser algo aproximado com o jogador que foi. Reprovo a atitude de Dunga de soltar que ele é convocável, não é hora disso, com toda certeza. Muito menos aprovo a palhaçada do Jornal Nacional de entrevistar Ronaldo ao vivo no estúdio, algo que só fazem para chefes de Estados. Isso tudo é muito barulho para a incógnita que ainda é o retorno do outrora Fenômeno. Torço sim para o seu sucesso, mas não é tempo de exaltá-lo ainda.
Pra não perder a piada: O cara voltou tão bem que derrubou um alambrado sozinho! hahahaha

quinta-feira, 5 de março de 2009

Sujo com o mal lavado

O Maranhão de terras quentes, famoso por seus deslumbrantes lençóis de areia e de sua música reggae, desta vez vira palco de uma gangorra do poder, que mancha ainda mais sua já conturbada história política. Não bastasse uma longa briga para se dividir o estado, com inconciliáveis diferenças, que devem proporcionar nos próximos anos a formação de Maranhão do Norte e Maranhão do Sul. A família Sarney, por muito anos foi absoluta naquelas terras.

Depois do velho cacique José, agora sua filha, herdeira legítima de seu "trono", após sofrer a segunda derrota em sua carreira (a primeira foi a denúncia de corrupção de seu marido que a impediram de sair como nome forte para a presidência da República), no governo do estado, agora vê a chance de abocanhar de novo o cargo máximo do Maranhão, após o atual governador Jackson Lago ser cassado pelo TSE por usar a máquina do governo em sua campanha em 2006. Roseane, sabe que não pode se empolgar, mesmo com a saúde debilitada, o que certa vez não a impediu de ir votar a favor da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira), mesmo em uma cadeira de rodas e tomando soro. Agora, precisa de frequentar mais um hospital para depois triunfar no cargo que tanto almejou.

O velho Sarney está muito bem de volta à presidência do senado, para tanto, os conchavos políticos acabam de levar o sucessor de Sarney, primeiro votado pelo voto democrático e também o primeiro excluído do cargo por impeachment, Fernando Collor de Mello, o novo responsável pela pasta da Infra-estrutura do Senado. Sua escalada de volta ao poder cresce vertiginosamente, principalmente após perder seus direitos políticos por vários anos.

Enquanto isso, alguns deputados se mobilizam em uma causa mais nobre: encontrar caminhos para o combate à corrupção política. São eles: Arnaldo Jardim (PPS-SP), Fernando Gabeira (PV-RJ), Gustavo Fruet (PSDB-PR), Raul Henry (PMDB-PE), Rita Camata (PMDB-ES), Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ) e Paulo Ruben Santiago (PDT-PE). Eles formam uma comissão que buscam alternativas para um controle rígido da gastança dos congressistas. Após o afastamento de ocupantes dos mais confiáveis cargos das duas casas, resta confiarmos em iniciativas como essa, e de sites como o http://www.transparencia.org.br/, que não deixam nada passar em branco.

segunda-feira, 2 de março de 2009

Orquestra globalizada


Achei fantástica a iniciativa da Orquestra virtual do You Tube. De tantos videozinhos toscos que muitas vezes sem querer nós vemos, surge uma impecável sinfonia que reunirá músicos de todo o mundo, tocando afinadíssimamente uma ópera feita para o mundo cybernético.


O melhor ainda foi ver duas brasileiras classificadas para os trinta eleitos de todas as partes do planeta. Larissa Mattos e Irina Kodin nos enchem de orgulho, em um país onde a carreira musical ainda é tratada com descaso, principalmente em música clássica.


Certa vez ouvi de um grande maestro e violinista radicado em Goiânia, que, ao ser indagado em um luxuoso estádio da europa durante um jogo, como os brasileiros se desempenham em música clássica, ele respondeu que tal qual os europeus daquele pequeno país jogam futebol, traduzindo: deixam muito a desejar.


Mas mesmo com o apoio tão restrito das autoridades e empresariado, como a tecnologia pode proporcionar inclusão! Não seria nada fácil caminhos convenionais abrirem portas para as nossas conterrâneas (mesmo que uma seja natural da Bulgária, porém nossa cidadã), terem a chance de tocar no Carnegie Hall, em Nova York. Mas, através desse olhar fantástico, pode-se reunir pessoas de todos os lugares para falarem juntos a linguagem universal da música!


Espero que mais iniciativas dessas unam diferentes estilos para se fazerem músicas de todas as formas, lugares e abordagens possíveis! Uma "orquestra" de rock seria fantástico. Mesmo com o alto nível profissional que foi encarado essa empreitada, outras formas mais simples poderiam ser organizadas, para assim agregarem oportunidades para quem não possui muito mais que seu instrumento e um computador para mostrarem sua arte.