Blog do Paullo Di Castro


sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Olimpo de janeiro


Dia 2 de outubro de 2009 foi um dia marcante para o esporte, e o Brasil em geral. Em Copenhague, na Suíça, foi divulgado o resultado final para a escolha da sede dos jogos Olímpicos de 2016. Após ficar na disputa com Madrid, às 13:30hs foi dado o veredito: A chamada Cidade Maravilhosa foi a eleita para abrigar o maior evento esportivo do mundo.
Copacabana estava com a festa armada. A alegria explodiu na hora do anúncio, lá na Suíça, Pelé chorava, toda a comitiva brasileira composta por Lula, Henrique Meirelles, Orlando Silva, Eduardo Paes, Sérgio Cabral, dentre outros entravam no clima de euforia para celebrar a conquista de ser o foco do mundo daqui a 7 anos.
Todo esse cenário, milhares de manifestações principalmente em redes sociais como o twitter, já se geravam discórdias sobre os possíveis gastos astronômicos com um evento dessa proporção. Os jogos Pan-Americanos, realizados no Rio ano passado foram um pequeno termômetro para o que está por vir. A segurança foi reforçada a um ponto durante os jogos que os índices de violência caíram drasticamente, e logo depois de encerrado voltaram aos altos pontos com força total. Uma redoma foi criada para a exposição não ser negativa, e isso não resultou em melhorias consideráveis para a cidade.
Em junho desse ano, a alegria girava em torno das cidades escolhidas como sub-sedes para a Copa de 2014. As que ficaram de fora, como Goiânia, sentiram o gosto amargo da derrota que a capital espanhola sentiu agora, nas Olimpíadas, como o foco é uma cidade, não se tem esse problema.
Mas aí que pode morar o perigo: centralizar em um único centro urbano uma competição desse porte pode trazer grandes malefícios para o pós-evento. As cidades que já abrigaram as Olimpíadas nos últimos anos, como Atlanta, Sidney, Atenas e Pequim, não conseguem aproveitar a infra-estrutura criada para prosseguir em ações lucrativas e de servir a sociedade, correm o risco de virarem elefantes brancos abandonados.
Mas o maior porém realmente é o controle dos gastos para se preparar a cidade. As exigências do Comitê Olímpico Internacional (COI) são grandes, a vontade de impressionar o mundo é maior. A China deu uma demostração clara que tem potência para surpreender o mundo, e cada sede que assume os jogos se sente na obrigação de fazer melhor. As festas de abertura e encerramento são o ápice disso. Um mega-show de tecnologia, pirotecnia e cortejo são as chaves do sucesso. No Brasil, que todo início de ano tenta fazer algo parecido no carnaval, que se nomeiam como o maior espetáculo da terra. Teremos dois carnavais em 2016?
Não tenho a ilusão de que a transparência será o forte dos investimentos federais e privados nas Olimpíadas. O Brasil está acostumado com muito jogo político, de lobby, de licitações irregulares, mas tratando-se de Jogos Olímpicos, com toda a supervisão internacional, espero que as coisas sejam feitas com muita responsabilidade e o pensamento para o futuro da cidade.
Durante dois anos, nosso país será vitrine para o mundo, em alguns meses todos terão seus olhos voltado para cá, é um privilégio e enorme responsabilidade. Me orgulho de estar vivendo esse momento como cidadão brasileiro, de ver meu país ser palco de acontecimentos tão marcantes, mas ficarei mais orgulhoso em ver os atletas brasileiros tendo o apoio necessário para competir, e serem mais valorizados que projetos de estádios, de Vila Olímpica, e principalmente de shows para impressionar o mundo.

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