Blog do Paullo Di Castro


quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Uma ordem desordenada

comentei certa vez nesse espaço sobre atitudes arbitrárias da Ordem dos Músicos do Brasil. Nessa quarta, assisti ao Jornal Brasil Central edição da noite, em que acontecia um interessante debate mediado pelos âncora Paulo Beringhs, com o jornalista Luís Carlos Bordoni, o Fabrício Nobre da Monstro Discos, Abrafin e MQN, e mais o representante da Ordem em Goiás, Max ?, em pauta, as atividades do órgão, legitimidades e discórdias com a classe.
Visitando o site da entidade, deparo na primeira página com um texto triunfalista, que prega uma nova Ordem, após ter caído um coronelismo de 40 anos na mesma. Dizem que os músicos agora adentram à entidade, tem voz e comando representativo lá dentro, não é o que me parece, principalmente com a cobrança de R$ 240,00 para se tirar a carteira de músico, além da anuidade de R$ 90, tudo isso com pisos irrisórios, sem muitas vezes contar com couvert artísticos em bares e restaurantes, por ser uma cobrança não-obrigatória, fora os inúmeros percalços da profissão de músico no Brasil.
A maior polêmica, fora os preços das tabelas, é a paralisação de shows que tem músicos tocando sem estarem em dia com a OMB, a fiscalização que pode impedir espetáculos, de gente que não ganharia nada por ser filiado à Ordem, e se vê impedido de fazer seu trabalho por não cumprir regras defasadas e infundadas, visto que, como lembrou Fabrício, a OMB é amparada em lei dos anos 60, e que não foi aproveitada na C.F. de 1988.
Ao se fazer música independente, não se pode estar submetido a esse órgão, mas para os profissionais que trabalham contando com a renda de público, é arrancado uma grande fatia que não terá muito retorno. Os benefícios prometidos são um convênio com uma rede de hotéis, acordo de previdência e assessoria jurídica: o mínimo que poderiam oferecer para se representar uma classe de trabalhadores.
Essa briga não deve chegar ao fim, ao menos que a OMB passe por uma reforma profunda, se adeque a novas leis, e viabilize verdadeiramente retorno para o músico, em outras profissões não é muito diferente, porém, se tratanto de músicos, fiscalizações pesadas em eventos de interesse público, não pode se aceitar isso.
Estou agora gravando um CD com minha banda, tenho certeza que ninguém aparecerá no estúdio para nos impedir, ninguém da banda vai tirar essa carteirinha, vamos tocar para muita gente, segmentada ou não, e sem precisar gastar quase um salário mínimo pra isso, até porque é o salário de outras atividades que nos proporciona isso, mas não deixamos de ser músicos mesmo assim.

2 comentários:

  1. Engraçado essa Ordem dos Músicos.
    De fato, a lei que o ampara não foi recepcionada pela Constituição Federal de 1988 por ferir a garantia fundamental da livre manifestação artística (art. 5º, IX, CF).
    E aí ela quer fechar shows. A despeito disso nunca vi a OMB mover uma linha para garantir o pagamento de Direios autorais, fiscalizar o ECADE (que ninguém sabe o que acontece).
    Ainda bem que faço parte da OAB.

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  2. Gomide, o buraco realmente é fundo! O amparo irrisório dessa entidade não merece uma classe guerreira e importante como os músicos do nosso país.

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