Blog do Paullo Di Castro


sábado, 30 de janeiro de 2010

E finda-se o primeiro mês

De volta aos pitacos da semana, por ser a última de janeiro (já!?), as coisas não foram muito brandas, a verdade é que o ano começou muito tenso. Desde o recorde de chuvas em São Paulo, até doença presidencial, muita coisa ferveu por aí, como é meu primeiro resumo do ano, vou voltar um pouco para fatos anteriores, vamos para alguns:

LULA:
O popularíssimo presidente, mesmo pouco depois de retornar de férias, viu seu corpo ceder um pouco, o fato é que, mesmo tendo o ritmo acelerado, os vícios de "cervejinha" e "cigarrinho" com certeza deram uma forte contribuição. Só forçando a barra consegue-se que poderosos assim cuidem direito da saúde em pleno exercício do cargo, vide caso Íris. Logo o "cumpanheiro" volta a toda, para eleger a todo custo o poste Dilma e despedir-se bem do seu governo, de olho em 2014.

HAITI:
A solidariedade das pessoas ainda comovem, é fascinante ver grupos largando suas vidas aqui e indo para o centro da catástrofe. A JOCUM, uma missão cristã, ajuntou vários guerreiros que estão lá, arregaçando as mangas, e fazendo muito mais que os que tinham condições de ir, mas preferiram o comodismo de suas vidinhas. É desconfortante ver gente politiqueira usando suas ONG´s para se promoverem de olho no segundo semestre, porque não estão lá no Haiti para fazer algo mais concreto?

CELG:
Mais uma vez assistimos de camarote uma CPI que tem tudo para acabar em pizza, com o assunto da relevância de um endividamento bilionário estadual, talvez um ou outro bode espiatório sejam atingidos, mas os grandes caciques não vão deixar a batata quente assarem nas mãos deles, um ex-presidente da companhia pode pagar o pato, mas o mais difícil é provar quem gastou mais. De pensar que a CELG já deu patrocínio internacional para o Popó lutar nos áureos tempos!

PNDH:
Muito polêmico o texto desse projeto, ainda não anda muito claro, e se serão abordadas questões delicadas como o aborto. Mas tudo leva a crer que, se esse projeto for em frente, ferirá os princípios e valores de uma boa parcela da população. Falar em Direitos Humanos sempre desagradará gregos ou troianos, mas é mais fácil desagradar todos. Mudanças desse porte exigem um grande período de implantação, que é o desafio de se mudar uma cultura. Ainda vai dar pano pra manga!

CAMPUS PARTY:
Fantástica as novidades da tecnologia reunidas nessa feira, o Brasil avança muito nessa área. Falta um apoio/parceria maior com o governo federal para se aproveitar um espaço desse como qualificação e evolução maior para os profissionais e população em geral. O aumento de redes wi-fi é um avanço inevitável, e o incentivo a isso renderia mais que a TV Digital. Vale destacar a excelente cobertura feita pela TV Cultura da feira, mostrando as melhores cabeças e idéias que passam por lá.

É isso!

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Discutindo o mundo

Começa essa semana o maior centro de debates sobre causas sociais no mundo, na sua mais tradicional sede, Porto Alegre - "Um outro mundo é possível." A proposta de ser um antagonismo ao Fórum Econômico de Davos, na Suíça, faz desse evento uma importante iniciativa de se discutir as causas humanitárias sem uma perspactiva puramente financeira.
Mas infelizmente, o Fórum já teve seus momentos de maior glória, os últimos encontros, assim como os do clima, não produziram os efeitos esperados, lutar contra os interesses econômicos é uma guerra injusta, e sem o apoio devido do governo, da mídia e principalmente da sociedade, os avanços ficam limitados e os recursos escassos.
Épocas em que Lula discursava nos dois Fóruns no mesmo ano, em que a famosa mãe argentina da praça de maio, Hebe Bonafini enfrentava o mega-especulador George Soros, eram tempos em que realmente se via uma direção animadora para a reunião de lideranças sociais dos países em crescimento e emergentes.
O tema desse ano é a busca da identidade, não poderia ser mais oportuno. O Fórum realmente precisa ser repensado, a busca por alternativas não podem ser lançadas por correntes de esquerda utópicas e tudo ficar por isso mesmo. Também a forma descentralizada é positiva para se alcançar mais pessoas, em cerca de 27 eventos pelo mundo pode se alcançar algo mais concreto, ou não!
Entidades como a UNE, segmentos religiosos, ONG´s, e tantas outras classes que deveriam abraçar o encontro e promover mudanças, não se sensibilizam ao ponto de enriquecer o debate, e principalmente, promover ações que mudem as famigeradas causas isoladas de quem luta por esse ideal.
Nem só de chuvas, dengue e volta às aulas vive o Brasil em janeiro, além dos inúmeros congressos segmentados, o Fórum Social Mundial chega aos seus 10 anos necessitando de maior exposição e interesse de todos os setores da sociedade. Que os líderes palestrantes e as mesas de debates se pautem por causas que realmente atendam aos anseios das inúmeras demandas sociais que gritam por mudanças. Que nenhuma causa bolivariana ou algo do tipo empate o progresso consciente que pode resultar do encontro.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Apreciações de uma viagem apreciadora




Como todo ser humano de carne e osso, precisamos de férias. Esse período tão aguardado do nosso calendário tem esse gostinho especialmente por ser raro, por vir após períodos intensos, dificuldades e adversidades em todas as áreas da vida. O lazer é um direito garantido pela Constituição Federal, e exigido pelo nosso físico e intelecto. Passar longos períodos sem férias, definitivamente não dá!
Um ano atrás estava eu escrevendo com uma tremenda dor-de-cotovelo por não gozar de um período assim, agora, com o alívio de finalmente ter desfrutado, a impressão é que realmente não aguentaria mais passar sem uma interrupção brusca nas atividades do cotidiano, uma ou outra acabamos por nem desligar, mas só de fugir do que nos sufoca, já é uma vitória.
Após poucas experiências litorâneas, eis que surge a oportunidade de cruzar Goiás, Minas e a Bahia em busca da tão cobiçada praia, e seus atrativos oasísticos para quem mora em pleno Centro-Oeste. Quatro amigos, um carro, dinheiro contado, e acima de tudo a vontade de por o pé na estrada.
Após incertezas, contas no papel, planejamentos ousados, chega a tão esperada data. Na retaguarda ficam as famílias, que mereciam da mesma maneira estar conosco, mas não era o tempo. O tempo era de conviver 24 horas com 3 de seus amigos mais chegados, parceiros de banda, de confidências, de reflexões e boas risadas. Até com gente assim pode rolar um stress, mas tudo superável, sem maiores problemas.
O mais encantador de viajar muitos km de carro, por conta própria (que por si só já é uma experiência proveitosa), é se esbaldar com a beleza que a natureza nos reserva, desde as árvores tortas do nosso cerrado, às inúmeras montanhas de Minas Gerais, e grandes vales na Bahia. Contemplar a criação de Deus é estar mais próximo Dele, e sentir uma forte razão para cuidarmos de nossa "casa", e do privilégio de ser inquilino de uma morada com belezas incalculáveis como essa.
Nas praias, parece que nos restauramos com a água salgada, a areia que retarda o nosso passo, dando-nos mais tempo para curtir os cenários privilegiados que a orla brasileira oferece, lá parece que o mundo pára, e o tempo é só seu, e todo aquele mar também.
Hospedamos em Eunápolis, que fica a 60 km de Porto Seguro, um QG para nos deslocarmos às diversas praias da região. A cidade de ótima estrutura, comida boa, e o povo baiano simpático como lhes é peculiar. A ida foi um caso à parte, como pousar na cidade da cachaça (Salinas-MG), antes de seguir ao destino.
Estradas desconhecidas são um perfeito mistério, principalmente em muitos km de terra. Um estoque de água fresca é mais que necessário para combater o intenso calor de um verão tropical.
Passamos antes por Paracatú, bela cidade histórica, onde tem um restaurante da autêntica comida mineira que indico sem restrição: Flor de Alecrim. Outra cidadezinha histórica e interessante é Pedra Azul, ladeada por grandes morros e claro, pedras, no norte mineiro. Passamos próximo ao extremo da pobreza do Vale do Jequitinhonha, mas não o suficiente para ver quadros da miséria desumana de nossos semelhantes.
No litoral, primeiro fomos no acesso mais difícil, e de uma ótima fama de belezas naturais: Praia do Espelho. Considerada uma das mais bonitas do Brasil, talvez pela maré, não chegou a tanto em nossa percepção, mas era o suficiente para um lugar paradisíaco, e de um caminho tão íngrime que deve preservá-lo bem por muito tempo. Ponto fraco: O maior restaurante e bar do local cobrar consumação mínima de 30 reais, melhor era procurar um coqueiro tranquilo para usar uma sombra sem custos.
No mesmo dia fomos para uma cidade mais ao sul: Caraíva, outro caminho dificílimo, mas que nos guardava uma boa surpresa: Uma vilazinha bem charmosa, com muito artesanato e comidas variadas (que não provamos), uma prainha tranquila, e que cruzava com um rio, o que deixava o local bem interessante para se passar horas.
Segundo dia o destino foi Trancoso, as duas praias mais faladas não nos empolgou tanto, principalmente por receber um disparate de que seria cobrado 20 reais por pessoa por uma mesa sem consumação, resultado: não consumimos e muito menos pagamos. Mas era um ótimo lugar, nos divertimos: isso foi o principal.
O terceiro dia foi um dia cultural, um passeio longo por Porto Seguro para aproveitar o que a cidade tinha de bom. Após rodar bastante, ouvir um flanelinha muito grilado por receber 50 centavos ao pararmos por 10 minutos, comemos no ótimo restaurante Portinha, e depois fomos ao roteiro cultural: Epopéia do Descobrimento, onde grandes imagens da origem luso-brasileira, e mais réplica da caravela nos contava um pouco do que aconteceu por lá em 1500. Depois, após parada em um shopping que pouco oferecia, terminamos a tarde nos museus e igrejas das primeiras vilas habitadas pelos imigrantes, muita informação, estrutura, e claro, overdose de história do Brasil. Terminamos a noite na Passarela do Álcool, onde a tapioca típica foi muito bem vinda e as tentações de ofertas para presentes desfalcavam mais nossos bolsos.
O outro dia o roteiro foi Santa Cruz da Cabrália e Coroa Vermelha, os locais de desembarque dos patrícios europeus. Sem muita novidade, praias cheias e desertas, vila indígena e o pique já estava baixo nessa altura do campeonato. Em aventuras mais ao norte, pegamos uma balsa para praias pouco interessantes, pelo menos naquele dia estavam, a de Guaiú foi bacaninha, mas depois de sermos feito bobocas por uma praia com esse nome que na verdade era outra que tínhamos acabado de sair, era melhor voltar caladinho pro QG.
Deixamos a badaladíssima Arraiá d'Ajuda para o último dia. Merecia termos aproveitado mais, um ótimo atendimento no bar e estacionamento, bem frequentado, e a cidade pequena e toda preparada para turistas. Serviços pra mais de metro sendo oferecidos e nós caindo na gastança novamente, querendo ou não estávamos lá para isso!
O regresso foi cansativo, subir para Vitória da Conquista, uma cidade grande, em que achamos um hotel e uma ótima pizzaria a preços populares, ótimo para encarar o resto da viagem: nada mais que 16 horas dentro do uninho guerreiro, almoço rápido, parada em João Pinheiro e depois só em Goiânia, quando a quarta já tinha começado.
Viagem assim nos enriquece a lembrança, as histórias e um descanso, mais psicológico que físico, mas com ingredientes para ser bem aproveitado. Em outra oportunidade, um avião seria bem vindo, mas só de mudar os ares, ter infinitas paisagens para curtir, e locais para conhecer, dá vontade de acordar animado, encher uma mochila e cair na estrada de novo!