Blog do Paullo Di Castro


terça-feira, 20 de julho de 2010

Julgamento prévio

Quantas vezes você ouviu falar no goleiro Bruno nas duas últimas semanas? E nada falando de seu ofício original, apenas de crime, cumplicidade, ocultação de cadáver, violência extrema. Pois é, também não sei, e como saber se esse nome é repetido de maneira incessante por quase todos os veículos de comunicação? Como se pode ignorar-se aquilo que a mídia adota de temática a ser explorada até a última gota que a fruta espremida pode fazer pingar?
A gravidade do caso não é apenas as inúmeras versões que possam ter culminado na possível morte de Elisa, ex-amante do jogador. A relação conturbada com mulheres, com a fama, com "amigos" como Macarrão, com as declarações anteriores, e o desaparecimento e testemunhos do que aconteceu naquele sítio em Minas Gerais. e depois de tudo isso, as piadinhas infames com o caso, como se o humor fosse ingrediente sadio para uma situação desse porte.
O maior erro da imprensa, e conseqüentemente da sociedade: O pré-julgamento. Como chamar Bruno de assassino? Alguém tem alguma prova concreta dele matando Elisa, mandando fazer isso, ou sendo o mentor intelectual de um "plano infalível" no nível dos quadrinhos do Cebolinha? Então como acusá-lo daquilo que ainda não foi apreciado pela justiça brasileira, que é quem tem competência para isso?
Deixo esses questionamentos, para desabafar sobre quem sempre bate na mesma tecla ao se lançar um caso que tenha potencial para uma comoção nacional. Agenda Setting realmente "pega" aqui no Brasil, e não combina com um jornalismo responsável, que checa as informações, ouve pluralidade de lados e informa sem interesse prioritário à questão comercial. É insuportável ver uma Isabella Nardoni diferente a cada época. Um mocinho e um bandido que já entram em cena com um roteiro pronto, e só desempenharão o papel pré-determinado. Fazer juízo para si todos fazemos, mas para os outros, não é de nossa competência, a não ser para assumir um cargo que concede esse direito em lei, embasado na decisão de um colegiado.
Será que a imprensa não aprendeu com o caso da Escola Base? Quantas famílias mais serão destruídas e expostas em fúteis programas de TV vespertinos? E aquela gravação do Fantástico, com um foco perfeito em Bruno, e ele projetando a boca diversos vezes para o rumo da câmera. Como aquele material foi parar exclusivamente nas mãos da poderosa?
Meu palpite, talvez por lavagem cerebral, é que Bruno é culpado, mas não estou à frente desse caso (graças à Deus)! Então, aguardo o julgamento, para aí sim, ressaltar o embrólio em que Bruno se meteu, de como jogou na lixeira sua carreira profissional, e as variáveis que aparecerem antes da certeza de uma culpa.

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