Blog do Paullo Di Castro


quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

2011



É comum em textos de final de ano as famosas listas de melhores ou piores, as retrospectivas pautadas por assuntos, os planos para o futuro traçados. As vezes privilegiamos acontecimento em detrimento à pessoas.

Decidi fazer algo diferente, tal como 2011 foi um ano intenso, de muitos desafios, alegrias e tristezas, e principalmente de pessoas sendo decisivas para mim, não pensei em nada melhor senão agradecer em poucas palavras cada personagem que me foi importante esse ano, infelizmente alguns ficarei em falta, mas o registro no meu coração está garantido.

Deus: Palavras são poucas pra expressar o amor supremo demonstrado por mim, mesmo vendo tanta apostasia, indiferença ao meu redor, fostes presente no meu viver, porque não há nada melhor que viver pra Ti!

Pai: Tantas lutas contra o parkinson e outros males, em meio a dores vejo a mesma alegria de viver, a escrita afiada e a luta pelo melhor futuro da família. Mesmo eu fazendo pouco, te amo muito!;

Mãe: Encerrastes o ciclo de dedicação total pra vovó, o maior amor de filha que poderia presenciar, segue na luta para cuidar do nosso lar, despejando amor e dedicação que só uma mãe sabe dar;

Vovó: A despedida foi um misto de sensações, da saudade, do dever cumprido, e da gratidão a Deus por todo o tempo que deixaste essa maravilhosa criatura ao nosso lado. Amor para sempre;

Polliana: Feliz de te ver na luta no quadrado federal, trabalhando em um órgão tão importante, me passando tanto conteúdo bom. Agradeço, me desculpe qualquer coisa, te amo muito!;

Priscilla: Foi bom ver dedicação à vovó e nossos pais, a reforma da sua casa e a vinda do mais novo membro da família. Creio que a realização de muitos sonhos seus estão por vir. Te amo demais!;

João Marcos: Você me surpreende com inteligência, com as descobertas e todas as melhores coisas de ser criança, e crescer em estatura e graça perante Deus. Te amo, pequeno grandão;

Dori: Cuidar tão bem da minha irmã e meu(s) sobrinhos me faz ter gratidão e apreço por sua vida. Deus te fortaça pra continuar chefeando sua casa com maestria. Valeu!;

Neura: Ter alguém como você preenche grandemente em nossa família, tanta presteza para acompanhar meus avós em tantos anos, e continuar te tendo ao nosso lado é muito especial;

Mayara: Você chegou de mansinho, ou eu me aproximei devagarinho, o fato é que sua presença me faz muitíssimo bem, sonhar ao seu lado faz tudo se realizar de maneira mais especial. Amo você!;

Flecha: Mesmo correndo igual uma Flecha (rs), ter sua amizade é sempre fundamental, mais que música, pit-dog, ou jogar conversa fora, contar contigo faz a vida ser melhor, te amo, cara!;

Vinícius (serve pra Jú também! rs), andar com você(s) é sempre um privilégio, gente que quero levar pra sempre no coração, e ao lado, representam inspiração e alegria. Amo vocês!;

Família S142: João Pedro, André Demori, Arthur Moisés, Rodrigo Soucedo (Daniela): Muito mais que fazer som, obrigado pela amizade, as estradas, as trelas e tudo mais, vocês são rock'n roll!;

Pastores: Eurípedes, Beny, DJ, Antônio Paulo, Renato, Erickson, Burjack, Artur, Ricardo Salém;

Tchurma da MPC: Susi, Fabrício, Moraes, Karine, Raul, Rafaela, Welson, Gabriela, Sarah, Nathália, Eugênio, Dilma, Issac, Alex, Fabrício, galerinha das escolas e demais voluntários, conselho;

Igrejas: Maranatha, Central, Bethânia (Jataí);

IPVida: Elisandra, Edvani, Anselmo, Thays, Vilma, Viviane, Róbson, Helen, Marco, Cristiane, Alexandre, Rafaely, Isac;

Touch: Marcos Vinícius, André Luiz, Joana;

Prosa e Canto: Betão, Márcia, Rubão, Simone, Lu e Dread Zion, Rogério, Léo Barbosa. PróHumanos, Carlinhos Veiga, Josimar Bianchi;

Amigos de madrugadas, viagens, varejos e furadas: Caio Guimarães, Thiago Bittencourt, Felipe Roxo, Emilio Mota (Samira), Vittor Brunno (Susie), Wendel, Moacir;

Bandas: Restaura, Black Drummer Band, Expresso Luz, TES, Thape, Ministério Aliança;

Amigos saudosos da FARA: Sarah, Hidley, Laryssa, Patrícia P, Patrícia R, Adolair, Laura, Johnthan, Danilla, Pedro, Diêgo, Luciléia, Priscylla, Jaine, Cláudia, Brunna e os mestres queridos;

Amigos em distâncias físicas: Júlio César (Andréia), Priscila V, Tâmara, Roberta, Rodrigo Franklin, Gabriel (Gláucia), Talita, Joshua (Brooke), Leozinho, Júnior, Saulo (Daniela);

Colegas de ofício: Elizeth Araújo, Thiago Marques, Vassil Oliveira, Altair Tavares, Eduardo Sartorato, Rafhael Borges, Luís Gustavo, Tetê Ribeiro, Soila Steter, Honória Dietz;

Amigos das redes sociais, especialmente twitter, facebook e os sobreviventes do orkut! rs.

Sim, deixei de citar um monte de gente, alguns me inspiram de longe, celebridades e anônimos, políticos, pastores, atletas, músicos, jornalistas, escritores, pensadores, alienadores, outros me afetam mais de perto; todos me completam, me fazem um ser humano mais relacional, menos superficial e mais emotivo, ou racional. Que em 2012 mantenha todos esses contatos e agregue mais outros.

sábado, 24 de dezembro de 2011

Um menino

Era uma vez um menino chamado Emanuel. Ele era um menino comum, brincava como todos os outros, obedecia seus pais, os ajudava em tudo que podia, já que eram de família muito humilde, quando nasceu, mesmo tendo ganhado alguns presentes, não tinha nenhuma estrutura no local improvisado, mas veio ao mundo em meio a adversidades, para ser instrumento de amor.

Ele cresceu mostrando grande sabedoria, sentava em rodas com doutores e lhes ensinava muitas coisas, questionava outras também, deixando todos muito impressionados. Os pais também ficavam as vezes sem entender o prodígio que era aquela criança. Logo foi aprender a profissão do pai, o que também desempenhava com grande talento.

Imagina ter um amigo de infância assim? Em nenhum momento ia te colocar pra baixo, e nem dar mostras de orgulho ou soberba, de esnobe ele não tinha nada, ia ser pura diversão brincar, aprender e se divertir ao lado dessa pessoa especial. Cada aniversário dele com certeza a festa é grande, e hoje, mais de dois mil anos depois, continua sendo.

Esse menino ao ficar adulto faria coisas em três anos que mudaria a história da humanidade pra sempre. Simplesmente porque foi a prova viva do maior amor do mundo, mandado por seu Pai, não aquele carpinteiro que o criou aqui, mas o que o mandou do céu, o fez ser homem, esvaziar de toda a sua glória, pra descer e passar pelas mesmas limitações de todo o homem.

Sim, esse menino é Jesus Cristo, o filho de Deus, Emanuel é só um de seus nomes, que representa Deus conosco, buscando intimidade e uma caminhada sadia e amável ao nosso lado. Em todo o fim de ano paramos pra lembrar um pouco desse nascimento, que dividiu o calendário e marcou a Nova Aliança de Deus com seu povo. Um resgate eterno!

Essa data não é definitiva e concreta sobre o nascimento de Jesus, mas simboliza esse momento ímpar, em que Deus se fez homem e habitou entre nós, vindo a pagar o preço por nossos pecados, derramando seu sangue em uma cruz. Mais que qualquer tradição de festas, reuniões de família, presentes, felicitações, tudo isso pode ser bom, mas o que importa é centrar na figura de Cristo, a razão da nossa existência, o autor e consumador da nossa fé.

A Ele toda honra e glória!


Porque um menino nos nasceu, um filho nos foi dado, e o governo está sobre os seus ombros. E ele será chamado Maravilhoso Conselheiro, Deus Poderoso, Pai Eterno, Príncipe da Paz.“
Isaías 9:6

domingo, 18 de dezembro de 2011

Promessas e realidades


No último domingo, o Brasil parou para um evento com cheiro de novidade, nas proporções que foi e na vitrine que se apresentou. Ver a Rede Globo começar a programação da tarde transmitindo um festival com vários cantores cristãos trouxe um fator inédito que acarretou diversas discussões entre os evangélicos e demais. 18 pontos no IBOPE e muito falatório nas redes sociais.

Em duas pontas se via claramente posicionamentos de vibração pelo feito, e de condenação. Prefiro o caminho de ponderação, não ficar em cima do muro, mas enaltecer os prós e contras que observei acompanhando a transmissão e os comentários em blogs, twitter e facebook. 

Confesso que estava com os dois pés atrás antes de começar, imaginando que seria um típico "showzão gospel", cheio de pirotecnias pra animar auditório (no caso, um público muito maior). Tive boas surpresas, assim como incômodos pela exposição por vezes equivocada da palavra de Deus. Não entro no mérito de nenhum dos artistas convidados, todos podem ser instrumentos precisos de propagação do evangelho, mesmo com teologias equivocadas

Interesse comercial da Globo? Não existe nada mais óbvio, não poderia ser diferente. Isso já começou a um tempo investindo no famigerado mercado de vendas de CD's através da Som Livre, um simples pesquisa mostra o potencial consumidor do público em questão. Um evento assim não é nada mais que um passo estratégico para pegar mais fatias do bolo. Os anúncios da Igreja Fonte da Vida e de Silas Malafaia no intervalo mostram a grandeza dessa roda econômica.

E onde está o evangelho, muitas vezes cobrados por alguns como o puro e simples? Ele existe. E pra mim apareceu com clareza no fechamento do festival, quando todos os participantes se reuniram pra cantar a belíssima canção "Alto Preço", de Asaph Borba. A letra fala por si, leia cada verso e reflita bem essa mensagem: 

Eu sei que foi pago um alto preço
Para que contigo eu fosse um meu irmão
Quando Jesus derramou sua vida
Ele pensava em ti, Ele pensava em mim,
Pensava em nós 
 
E nos via redimidos por seu sangue
Lutando o bom combate do Senhor
Lado a lado trabalhando, sua Igreja edificando
E rompendo as barreiras pelo amor.
 

E na força do Espírito Santo nós proclamamos aqui
Que pagaremos o preço de sermos um só coração no Senhor
E por mais que as trevas militem e nos tentem separar
Com nosso olhos em Cristo, unidos iremos andar. 

Isso é um compromisso de vida, de caminhar com Cristo e uns com os outros, ambos extremamente desafiadores, o que reflete inteiramente na mensagem da cruz. Quem está disposto a pagar esse preço? O de Jesus foi infinitamente maior. Pode ser utópico pensar que isso penetrou no coração da maioria que assistiu, mas se uma só alma foi salva, já valeu a pena, se alguns cegaram com distorções da palavra de Deus, lamentável, e que cada um firme na essência do amor de Deus, seja ele pregado para multidões, ou nos simples gestos dos "pequenos cristos." Retendo o que é bom, fiquemos com o evangelho.
Ele respondeu: " ‘Ame o Senhor, o seu Deus de todo o seu coração, de toda a sua alma, de todas as suas forças e de todo o seu entendimento’ e ‘Ame o seu próximo como a si mesmo’".
Lucas 10:27

"Ame o Senhor, o seu Deus de todo o seu coração, de toda a sua alma, de todas as suas forças e de todo o seu entendimento e ‘Ame o seu próximo como a si mesmo’".
Lucas 10:27
Ele respondeu: " ‘Ame o Senhor, o seu Deus de todo o seu coração, de toda a sua alma, de todas as suas forças e de todo o seu entendimento’ e ‘Ame o seu próximo como a si mesmo’".
Lucas 10:27

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Feitos um para o outro, e ambos para o poder!


Na história vemos algumas duplas que causam ojeriza no cidadão de bem, mais recentemente temos George Bush e Colin Powell, que comandaram a maior potência do mundo em anos de ofensiva a países do Oriente Médio, derrubando ditadores, mas passando por cima do que quer que fosse obstáculo, inclusive civis. Agora, em gravidade menor, vemos outra tabelinha perigosa se concretizar no futebol brasileiro, o rei absoluto Ricardo Teixeira acaba de nomear como príncipe herdeiro o presidente do Corinthians, Andrés Sanches. Sujo com o mal lavado.

A união que começou oculta, transpareceu ano passado, com o cargo dado ao corinthiano de chefe da delegação brasileira na Copa, o que antes era comum a presidente de Federações, não de clubes. Tiveram inúmeros conchavos ao longo do ano, agora chegou ao ponto real de escancarar-se uma das mais instigantes parcerias na entidade máxima do futebol. Em 25 anos no poder, Teixeira nunca havia aproximado tanto outro mandatário para o seu lado.

Agora com 20 dias pra deixar o comando do Corinthias, após 4 anos de muitas polêmicas, principalmente no caso Itaquerão, Sanches ganha o cargo inventado de Diretor de Seleções, tendo o controle absoluto desde o sub-15 até a principal, inclusive dando a palavra sobre os treinadores. Um cartola fazer isso no clube é normal, agora na seleção? Isso competia até então a ex-jogadores e treinadores com vivência em campo, o corinthiano tem perfil pra isso?

Não é uma questão de perfil, claramente a aliança política leva inúmero benefícios pra ambos, como já foi com a construção do novo estádio, na manobra gigante pra tirar a sede da Copa do Morumbi. E olha que Sanches já é treinado para ser postulante, afinal, entrou no lugar de Alberto Dualibi, outro mandatário que criou raízes no comando do alvinegro paulista. Agora na CBF, tudo indica prepara-se para assumir o cargo de Teixeira após a Copa de 2014, quando conseguirão grandes objetivos pessoais. A falta de caráter de Teixeira o Brasil já conhece, como se observa na brilhate reportagem da revista Piauí, e agora, alguém duvida que Andrés Sanches é farinha do mesmo saco?

Não importa o clube que ele dirige hoje, a facilitação conseguida nas negociatas mostram as intenções dos caciques do futebol brasileiro. Vale lembrar que Andrés também articulou com vigor retirar o controle do Clube dos 13 e negociar com a Globo livremente os pacotes de transmissão. O campeonato brasileiro está nas mãos do Corinthians, porém o título é um mero detalhe para o final do mandato de seu presidente, ele já conseguiu muito mais que um grande ambicioso pode almejar.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

"Eu presto atenção no que eles dizem, mas eles não dizem nada!"

Ocupou lugar de destaque nos noticiários nos últimos dias, capítulos tristes de conflitos entre alunos da maior Universidade pública do Brasil, a USP, contra a reitoria, a polícia, o governo, uma mistura de segmentos organizados e de aproveitadores em todas as esferas. Violência se confundia nos propósitos e abordagens. A ocupação da reitoria que terminou na prisão de 70 alunos nessa terça-feira deixou uma pergunta, por que causa realmente eles lutavam?

Três estudantes de Geografia pegos fumando maconha no estacionamento, realmente não aparenta ser o agravante de toda essa balbúrdia, mas levantou alguns pontos relevantes. A presença da Polícia Militar no Campus se faz necessária. Imagine uma cidade universitária do porte da USP, com seus milhares de alunos circulando o dia todo, gente de várias índoles. Mesmo sendo uma elite acadêmica, a aglomeração dessa proporção sem um controle razoável de segurança é mais que imprudente.

O fator de droga ilícita é um buraco mais fundo. Todos sabem da presença dela nos corredores, bares, bosques, e vários ambientes dentro e nos arredores de uma Universidade. O ato de uma autoridade flagrar o consumo, nada mais é que o cumprir a lei do nosso país, que não dá direito a um chilique, muito menos a uma manifestação que ocupe a reitoria e paralise várias atividades. Abuso da polícia ao meu ver não existiu, mas continua sendo um ponto delicado a abordagem e repreensão dentro de um ambiente de ensino. Exige-se investimento e muito preparo das autoridades.

A representatividade de movimentos estudantis hoje é uma piada. Não entrando no mérito da UNE, acomodadíssima nos anos que o PT ocupa a presidência, me lembra de um exemplo prático relatado em uma reportagem da revista Piauí de outubro. O ministro da Educação, Fernando Haddad, estava em Curitiba, saindo de uma reunião a caminho de pegar um avião para Porto Alegre. Vários estudantes o abordaram, agrediram o veículo. Questionado sobre as reivindicações, e quem era a liderança do "protesto", não houve resposta concreta, tudo era vazio e sem propósito. Isso é militância pela educação?

Triste ver a que ponto chega um movimento tão vazio ideologicamente e sem fundamentos conscistentes. Os desafios enormes que já passam a educação no país em seus níveis básicos, ainda precisa voltar os olhos para um monte de mentes que já deveriam ter criado juízo a muito tempo, e aparecem em mídia nacional da forma mais exdrúxula, lutando pelo nada, que em nada irá beneficiar a eles mesmos. Depredando patrimônio público, feito para eles usufruírem, com certeza não se produzirá ações que atendam a um pseudo interesse de uma minoria.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Amor por Goiânia


Quem me conhece sabe do meu amor sincero, declarado, orgulhoso e de apego a cidade princesa do Planalto Central. Goiânia para mim não é só o lugar onde nasci, onde vivi toda minha vida, mas sempre será minha referência e meu lar do coração. Já falei das potencialidades dessa metrópole interiorana aqui, hoje queria dedicar a puxar um pouco de algumas minhas melhores memórias sobre quase três décadas nesse recanto moderno sem par.

Morava atrás do Correio Central, de fundo à Praça Cívica, ia lá brincar nas estátuas das 3 raças, assistir inúmeros desfiles cívicos que subiam a Avenida Tocantins, as posses de governo, cantatas de natal, shows gratuitos, a brinquedoteca da Biblioteca Municipal, tudo era festa pra um menino que se sentia o mais privilegiado geograficamente do mundo. Um dia, bem pequeno ainda disse a meus pais - Eu moro no centro do universo, (visão terrocentrista, rs), no centro da América do Sul, no centro do Brasil, no centro de Goiás, no centro de Goiânia, e meu quarto ainda é no centro do apartamento! kkkkkkk

Quando criança a Feira Hyppie se montava nas ilhas centrais da Avenida Goiás, era um carnaval de barracas azuis,  nunca gostei de feiras, a melhor lembrança não era delas, mas de coisas simples como as badaladas do relógio da Catedral, a arte déco, que mesmo antes de restaurações já embelezavam o centro, do comércio arrochado que parecia servir com exclusividades integralmente aos "poucos" afortunados" que moravam em um lugar tão privilegiado. Os peregrinos que iam lá só pra resolver a vida não aproveitavam como nós, moradores.

O Bosque dos Buritis, o chamava de meu quintal, lá estudei no Centro Livre de Artes, ia alimentar os peixes, andar por cada estradinha e trilheiro daquele recanto, nos dois lagos principais, andei de skate no estacionamento do Museu de Artes, acompanhava meus avós em caminhadas lá. Quem disse que criança de cidade grande não tem infância, é porque não sabe o que um paraíso verde em meio aos emaranhados urbanos pode fazer a um menino.

O Multirama era o point certo para brincar até falar chega, quando menor os cavalinhos de carrossel,  o trenzinho já faziam toda a alegria, a medida que crescia, ia preferindo me sentir o motorista mais poderoso em um carrinho de bate-bate, descer no tobogã, morrer de medo no trem fantasma, radicalizar na montanha russa simplíssima, que pra mim já era grande. o Zoológico, bem cuidado e sem mortalidade de animais, também era um programa que toda criança amava.

Idas ao Serra Dourada com meu pai eram experiências que só quem passou sabe a emoção de ver seu time entrar em campo, empurrado por aquela torcida de massa, em uma época que não existia pay-per-view, nem a procrastinação da cartolagem com o nosso futebol, e famílias iam ao campo sem medo, certo que era um ótimo programa, principalmente quando saia de lá vendo uma vitória fantástica.

Passear no Flamboyant era luxo, sair de lá com presentes momento raro, lanchar no McDonalds era ápice do consumo, ir ao cinema um feito extravagante. A vida podia ser apertada, mas felicidades como frequentar um clube no lugar mais longe possível, o Itanhangá, precisava pegar o ônibus, parar no ponto final e caminhar muitos metros pra chegar lá. Mas correr e nadar livre, brincar com minhas irmãs e fazer aquele programa de pai e filho era inesquecível.

Rotina de ir pra escola, pra igreja, tudo perto, acessível, compunham o cenário pra se gostar tanto daquele lugar e dessa cidade. Hoje muita coisa mudou, a cidade inchou demais, ganhou belezas maiores, habitantes de todas as partes do Brasil e várias do mundo. Mas nunca perdeu esse charme e jeito de ser fantástica, acolhedora, arborizada, tão próxima da capital federal, de águas quentes, de santuários ecológicos, confecções e tantos recursos naturais, humanos e estruturais, e com muito a crescer, a atender a demanda, diminuir as desigualdades, dentre muitos outros. Com garra, vontade política e popular, muito se pode ainda melhorar. Posso não morar aqui a vida toda, mas Goiânia não deixa meu coração jamais.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Fui mordido pela maça


Eu não tenho nenhum produto da Apple, mas isso não me faz imune a influência que trouxe essa marca para todo o mundo, pelo contrário, os que tenho, com certeza chegaram ao mercado impulsionados pelo caminho que esse gênio da tecnologia abriu. A marca que virou sua empresa, uma grife cobiçadíssima, não só por afccionados por novidades digitais, mas por qualquer mortal que saiba ter qualquer curiosidade e bom gosto sobre o facinante mundo tecnológico.

A Pixar, parceria de Steve Jobs com Steven Spilberg, também levou às salas de cinemas um novo conceito de animações, abrindo o leque do público infantil para todas as idades, quem não queria apenas ver os desenhos serem animados e contar uma historinha, se prendia na estética e nos efeitos impensáveis em um passado recente, tudo mudado agora por um empurrão dessa mente brilhante.

Mas o fato é que o mundo da maçanzinha mordida fez história e continuará fortíssima por muitos anos. Com várias idas e vindas no posicionamento de marcado da empresa, a grande guinada foi na virada do século, enfrentando um império conquistado pela Microsoft nos anos 90, onde Bill Gates reinava absoluto, e viu seu ex-sócio trazer novidades que seus produtos deixavam a desejar, sem dúvidas a maior inovação deles foi a portabilidade.

Quem já não viu um amigo ou colega chegar eufórico exibindo seu novo iPhone, que faz de tudo até ligar! Ou veio com aquele foninho cantarolando alguma das milhares de músicas que ele tem em seu iPod. Ou não viu aquele iPad fazer o seu livro parecer a coisa mais obsoleta do mundo? Você só se perguntando - Quando eu vou ter um desses? As vezes você não possui realmente acesso a essas maravilhas, mas a guerra que faz a concorrência oferecer produtos similares mais acessíveis te fazem não ficar tão por fora, mas de qualquer jeito, Apple é Apple, como já refleti aqui.

Com tantas realizações, inovações, designs maravilhosos e desafios à modernidade, Steve Jobs em 56 anos deixou um grande legado para a humanidade, não vale a pena falar de sua debilidade física dos últimos anos, justo em momentos de maior acirramento no mercado, o comandante dessa grande revolução descansou, deixando pra trás sonhos e desafios cada vez maiores para todos. Com tudo isso, independente de ter um aparelho que tenha aquela fruta, fui mordido por essa maça.

" Ser o homem mais rico do cemitério não me interessa, ir para cama toda noite dizendo que fizemos algo maravilhoso, isso é o que importa para mim."
Steve Jobs

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Rock in Sofá

E foi-se o primeiro fim de semana do Rock in Rio, que pra mim bem que poderia ter sido o único, trocando umas atrações da geração 2000 MTV. Alguns momentos realmente dava vontade de estar lá, naquela multidão imensa sentindo os amplificadores penetrar nos seus ouvidos, com todo aquele cenário megalomaníaco, mas, mesmo longe dos 40, o melhor programa ainda parece acompanhar tudo do sofá.

Nem fiz questão de me programar pra ver os shows que queria. O que foi legal é que nos dois horários que não me impediram de fazer absolutamente nada no meu fim de semana: o fim de tarde e o fim de noite/madrugada, já rolavam os shows que mais queria ver, a única coisa que deixei de fazer pra assistir foi dormir o necessário. Mas o que são umas horinhas de sono pra se ouvir um momento único daquelas bandas que estão no seu playlist desde que você se entende por gente?

Começou a festa na sexta-feira, passei o ouvido por uns encontros no palco Sunset que absolutamente não me agradaram. Mas logo pra compensar vi mais uma vez a união das duas das bandas brasucas que mais devo ter ouvido na vida: Paralamas e Titãs. O show em si não era muita novidade, visto que já fizeram turnês juntos, tanto que já os vi em Goiânia, mas a emoção de dois repertórios que só tem hits juntos, Hebert se revezando com Miklos, Britto e Branco, além das duas bateras quebrarem tudo, acompanhado dos metais, e com uma novidade agora: a Orquestra Sinfônica Brasileira deu um colorido a mais aos repertórios das bandas. Quanto às "estrelas" da noite, Katty Perry, Rihanna e Elton John (respeito mas não gosto)? Próximo dia, por favor!

O segundo dia pra mim só se resumia em em quatro palavras, abreviadas por RHCP, mas ainda tive a surpresa de ver a Nação Zumbi, que estavam meio sumidos, colocar o mangue pesado de Recife em evidência, com Tulipa Ruiz de brinde. Assisti a um pouco do Stone Sour e nem lembrava que Mike Portnoy tava tocando com os caras, depois vi alguma coisa do Snow Patrol. Mas a noite já bastava pra conferir o Red Hot Chili Peppers. Flea pra varia usando camisa da seleção, calça rosa (melhor que só cueca), e claro, tocando o baixo como se fosse a última coisa que faria na vida, Chad Smith com os grooves precisos de sempre, e com uma batera de acrílico lindíssima. Anthony parecia bem centrado, e o guitar novato Josh Klinghoffer não é um Fruciante nem um Navarro, mas tem luz própria, só da banda não tocar tão chapada como foi em 2001 já foi ótimo, que showzaço!

O terceiro dia é aquele que honra o nome do festival, apesar de terem uns arranjos injustos, como bem lembrou Bruno Medina aqui, a noite prometia lavar a alma de quem se indignou com as atrações enlatadas do festival. no fim da tarde acompanhei o Angra chover a muralha de guitarras, e ter a presença quase inusitada de Tarja, ex-Nightwish, quem conhece seu vocal diferenciado, sabia o que esperar, mas não se esperava era a limitação de Edu Falashi, que com quase unanimidade de opiniões nas redes sociais, cantou muito mal, mas até compensou em alguns sucessos clássicos. Queria até ver o Sepultura, mas nem perdi muito, depois deu pra acompanhar um pouco do Motörhead, Lemmy sempre o ogro mais rock'n roll que eu já vi, power trio cruzão, sem frescuras, impossível não lembrar a decepção do show deles cancelado em Goiânia.

Coheed and Cambria e Glória vi pouca coisa, fora a curiosidade de ver Eloy Casagrande nem me interessava, quando começou o Slipknot, fiquei meio paralisado, parei de ficar vendo os outros comentários na net e trocando PC e TV e concentrei no espetáculo trash, brutal e inventivo dos mascarados. Não é som pra se ouvir com crianças, com certeza, mas tentar entender a concepção musical dos caras é no mínimo interessante. Depois de ver a batera rodopiar de todas as formas, fogos e sangue, um intervalo de atraso que só não foi estressante pelo que acabava de ver.

O Metallica finalmente entrou no palco e cumpriu a risca todas as expectativas. Uma carreira como a deles permite um repertório que parece até rápido tal a vibração que impõe aos amantes do metal, e olha que foi o show mais longo. Não são mais os mesmo mocinhos dos anos 80 e 90, mas a energia continua lá em cima. A banda se destaca pelo coletivo, o líder imponente e os outros "disciplinados", o batera Lars Urich, muito bom de papo, faz o arroz com feijão, e deixa uma sensação que a banda poderia ser melhor servida, mas quem ousa contestar o seu papel na história do Metallica? Deixa o enjoado lá.

Valeu a audiência, aguentar os repórteres da Globo batendo cabeça por falta de informação, o som sofrido que retransmitiam os shows, mas tudo isso de graça no seu sofá, não dá muito pra reclamar. O próximo fim de semana não merece a mesma atenção que esse, mesmo com Steve Wonder, Jamiroquai, System of a Down e até o Coldplay destoando dos demais, é muita porcaria junta pra gente considerar um Rock in Rio de verdade. Melhor esperar o SWU!

sábado, 10 de setembro de 2011

Brasil do 7, do 11, do 21, de todos setembros


Parece que sempre temos pautas inevitáveis em certos períodos do ano, seja por fenômenos da natureza, por datas de acontecimentos marcantes, por feriados ou ocasiões meramente comemorativas que são o filão para o comércio vender uma imagem em cima de um sentimento específico. Tudo como uma grande roda-viva que se diferencia pelas peculiaridades que um dia após o outro pode trazer.

Não quero falar de 11 de setembro, chega! Cansei, passou, lições foram aprendidas, egos foram feridos e vidas sacrificadas. Também prefiro não citar enchentes no sul, tantas cidades alagadas, casas com tudo dentro perdido, famílias se amontoando em ginásios. A necessidade de mobilização, solidariedade, chega tímida, não mais que as providências das autoridades. Igualmente não falarei sobre seca, meio ambiente castigado, os problemas respiratórios, dificuldades com a escassez do elemento água, a chuva que um dia finalmente virá.

Falar de Brasília? Pior ainda! Lembrar que o projetista daquela perfeição arquitetônica com mais de um centenário de vida concluiu que deveria ter feito um camburão em vez de um avião no traçado, para assim abrigar a espécie de representantes do povo naquele lugar, que usam como pinico um vaso de flores. Precisa falar mais sobre peculato, propina, uso inadequado do dinheiro público? A informação já chegou! A mudança, não.

E o futebol? Não era nossa menina dos olhos, uma seleção imbatível, com craques disputados nas mais altas cifras dos mercados da bola? Onde está a soberania? Ficou em algum gramado europeu, na crava da chuteira de jogadores que sequer pisam no Brasil. Foi usada como concreto para reformar algum estádio para a Copa de 2014? Onde está a transparência, as prestações de contas das licitações ? E as contas do presidente vitalício da CBF, quem tem cacife para derrubá-lo?

Olha que ficamos só nos nossos problemas, e se formos servir de colo para o Egito e a Líbia? Que palavra de esperança temos pra eles, vindos de um país emergente em pós regime ditatorial que custa tanto a aprender andar nos passos democracia? Viramos um modelo de como não fazer? Ou recomendamos que entrem no falido método socialista do vizinho Hugo Chavez e da ilha de Fidel?

No meio disso tempos que dar espaço para diversidade sexual, para a religiosidade partidária, para direito disso, daquilo, do segmento x, da representatividade y. Onde estão nossas prioridades? Morrendo nas filas de pacientes vítimas da negligência do atendimento de saúde público? Ou esquecidas e sem o aparato para se receber educação digna?
É fato que datas como a Independência do Brasil, tenha o valor titular que tiver, ou o atentado às torres gêmeas de Nova York, mexem com o brio de todos. Paramos para pensar na vulnerabilidade do ser humano, e a dificuldade de se impor diante dos desafios inesperados, ou aqueles ao qual nunca estamos prontos. Como brasileiro, resta não virar as costas para as duras realidades que nos rodeiam, e deixar de ser apenas indignado, perplexo para ser agente de mudanças sociais profundas, sempre mais fáceis no discurso que na ação.

domingo, 4 de setembro de 2011

Parei de contar

Parei de contar um ponto
para quem sabe fazer amar
e terminar em um breve conto
o que não queria acabar.

Queria ter um incentivo 
de fazer de novo, e procurar unir,
mas não se passa no crivo
quando muito se quer insistir.

Uma brasa fora da chama
logo vai  apagar
o desejo de quem se ama.

Voltar a sonhar
as vezes parece um erro maior,
de quem só queria amar.



sábado, 27 de agosto de 2011

Infidelidade Conjugal Profissional

Não deixo de me surpreender com certas iniciativas que chegam em nossa sociedade, no pior sentido possível, por mais que seja inovador para alguns, para quem tem convicções que se afrontam com essas "novidades", é um choque assimilar que vivemos dias em que movimentos assim sejam difundidos. Uma das invenções que cresce no Brasil, são sites especializados em infidelidade conjugal.

Quando estava no Rio com minha banda, em uma noite fomos jantar na casa do nosso pastor anfitrião, e a TV foi ligada no Programa do Ratinho, embora meus protestos para se trocar de canal, outros certamente para zoar, insistiram para deixar naquele produto cultural popular. Não é que para minha surpresa, entre as baixarias peculiares com exames de DNA e afins, realiza-se um debate para mim impensado até o momento: Os serviços de um site que promove encontros extra-conjugais.

Já famosos em outros países, agora chegaram com tudo por aqui. A mulher proprietária de um site falava com segurança, se baseava em pesquisas de comportamento matrimonial no Brasil, algo como mais de 15 milhões de brasileiros não tem vida sexual ativa no casamento, e para ela isso é prerrogativa suficiente para "pular a cerca." Ainda veio com lero-lero de ser um incentivo à própria melhora na vida sexual dentro do casamento, como um aperitivo que vai despertar mais o desejo pelo companheiro oficial.

A gente espera ver e ouvir muita coisa nessa vida, mas tem algumas que chegam realmente para desestabilizar qualquer expectativa sua. Qual é minha propriedade para falar de casamento, sendo solteiro, ainda longe de um enlace? Pessoalmente muito pouca, com certeza, porém, parto de princípios bem maiores que qualquer experiência que um casal possa viver.

Ontem foi veiculada no Jornal da Globo outra matéria sobre o assunto. Uma mulher de 15 anos disse que buscava "um tempero, para preparar melhor a salada!", outro homem com 8 anos de união, buscou outra parceira, também casada, por curiosidade: "não tive a sensação de arrependimento, não!" - afirmou. O negócio cresce no Brasil, em pouco tempo já somos o país campeão em adesões nesses sites especializados. O cadastro é feito e o processo sem rastros, no mais alto sigilo.

A fala de outra gerente de site: "Nós não evitamos a infidelidade, nós a aperfeiçoamos. Se for fazer, faça certo." Parece assim ser a prestação de serviço que vai atender uma prática inevitável, sim, de fato é isso que acontece, mas existe um padrão de formação da família tradicional que não comporta essa prática. Qual é o sentido de estar em união estável com uma pessoa e não ter a simples confiança de que ela é fiel a você? Relacionamento aberto definitivamente não é normal para quem acredita em uma família estável, de companheirismo mútuo e verdadeiro.

Pode-se pregar a mudança de formas de relacionamento, em tempos de levantar-se bandeiras homo-afetivas e atiçar o consumo peculiar da sociedade, com perfis bem definidos de público, um novo nincho de mercado é explorado. Mas tantos confrontos a base de uma instituição como a família não pode ser vista como mera mudança de mercado. Por mais frequência que aconteça, não é explorando e organizando serviços para se trair que teremos a liberdade de agir e ferir valores tão importantes. 

Temo pelo futuro das famílias, outrora tão sabiamente formadas, hoje com adaptações lamentáveis para quem busca por um amor verdadeiro, a formação de um lar estável e que transmita o que temos de mais sagrado para novas gerações. Cuide da sua, enquanto não lhe é ortogada o direito de se esfacelar por tendências ultra-modernas.
 

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Dias sabáticos

Poucas vezes narro um texto aqui em primeira pessoa, sempre quero me dirigir aos terceiros que estão lendo, mesmo sabendo a importância de absorver bem o que escrevo, para primeiramente buscar reflexão, começando por mim. A fuga da impessoalidade é ilusória, porém necessária para um pouco de privacidade em minha vida. Em alguns momentos, sinto a vontade de gritar e botar pra fora várias percepções do que vivo. E, depois de vários dias sem capacidade para escrever uma linha, uso esse espaço para um desabafo pessoal.

Um mês se passou do falecimento de minha vó, uma nova página na família se desenhando, uma transição muito difícil de se concluir, sendo que a corda não estoura na minha mão, só se desenrrola bem perto, e o que mais quero é ficar longe. De lá pra cá, foram muitos tombos, decepções e amarguras. Mas algumas lições preciosas nos são ensinadas nesse período, e algumas certezas se confirmam. Não quero expor detalhes de mais nada, mas pensar mais sobre nossas dificuldades pode me ajudar a superá-las.

Paralelo a isso, preciso tocar a minha vida, e quanto mais dificuldades vão sendo somadas, mais vejo que posso esmurecer, e me sentir impotente diante de vários desafios. Fases como essa me colocam em cheque quanto a tudo o que vivo e acredito, e o quanto preciso de um tempo sabático para pensar em meus problemas e lutar para superá-los.

Nesso processo, além de estar mais próximo de Deus, vejo como é importante ter e andar mais junto com os amigos! Quem está disposto a chorar comigo, se preocupar todos os dias, ligando, visitando, por um sms ou recado em redes sociais, em tempos de tanto estrangulamento de nosso tempo, dar um valor merecido a já tão importante nomenclatura de amizade é um presente inigualável.

Nessa reclusão, por mais natural que seja ficar mais em casa, buscar força entre minhas próprias coisas, em algum momento sair, ver novos ares é muito importante, em certos dias não tenho força alguma pra isso, mas quando surge uma boa oportunidade, nada como desfrutar de momentos diferenciados, de preferência com seus bons e velhos amigos ao lado.

Deus é tão bom e misericordioso, que me providenciou alguns momentos pra serem hiatos de refrigério em meio a tanta tribulação. Algumas pessoas de longe chegaram a pensar que estava em uma vida mansa, tudo na mais absoluta tranquilidade, por mais que a verdade fosse o oposto disso, passar essa imagem acaba sendo um alento de que nem tudo estava tão ruim assim. 

São tantas passagens bíblicas que me ajudam em momentos assim, tantas canções. Algumas simplesmente servem pra me fazer chorar e botar pra fora tudo o que aquele momento de maior angústia me reserva, outras são o consolo necessário para eu ter a esperança que isso vai passar, que dificuldades diferentes virão, mas que vou sair desssa outra pessoa, mais forte e experiente que quando entrei em tudo isso.

A medicina ajuda como pode as pessoas a superar problemas assim, administrando química no cérebro e longos tratamentos, infelizmente para muitos é a única solução, visto um diagnóstico de uma doença real, mas quando você sabe que não precisa disso, e o que te resta é se voltar mais pra Deus, gritar por misericórdia como o cego de Jericó, a saída para uma cura pode ser mais rápida e confortante. Nada como contar com um Deus que não é limitado como o homem, e está sempre com a mão estendida para te socorrer.

Releio coisas que já escrevi aqui em fases que lembram essa, e vejo como foi importante passar por isso. Nada se resolveu do dia pra noite, tudo se arrastou por dias difíceis, alguns que pareciam intermináveis, mas a cada dia que começava, é mais uma oportunidade de vencê-lo e superar o seu próprio mal. Pode não ser logo, mas uma hora a gente percebe que o pior já passou, e os novos desafios precisam da sua força, dedicação, vontade de viver e conquistar muitas coisas que foram interrompidas por um breve momento.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Circuito Tribal - Rio de Janeiro

É difícil fazer em um único post um diário de bordo da viagem da minha banda, S142 pelo Rio de Janeiro, pra isso preciso explicar aos que não sabem os motivos que nos levaram lá, um pouco do processo de um ano atrás, que precisou virar o calendário pra finalmente pousarmos em solo carioca. Foi um concurso promovido pela web rádio Tribal, com mais de 70 bandas indicadas pelos ouvintes. A idéia era a rádio levar essa banda para divulgar seu trabalho e apoiar  igrejas de outra região, no caso desse Circuito, o local escolhido foi o Rio de Janeiro.

Após as indicações, começou a disputa na Fase 2 para 16 bandas, os ouvintes votavam apenas 1 vez por PC. Na terceira fase foram apenas 6 bandas, aí a votação estava liberada quantas vezes fosse. Na final, ficaram a nossa banda, mais a Restaura, de Jataí (nossos grandes amigos) e a Messias Jam de Anápolis, após disputa acirrada com os jataienses, ganhamos a o concurso. Inicialmente iríamos em novembro, por providência de Deus, foi suspenso antes de se acontecer a invasão ao Complexo do Alemão, na mesma data! Iríamos em três cidades diferentes, mas depois tudo caminhou para que um só lugar nos recebesse.


A viagem foi então adiada para julho desse ano, e finalmente chegou o dia! Acordamos por volta das 3 da manhã, para estar no aeroporto 4h30 e decolar às 5h30. Claro que a maioria dormiu muito pouco, somado à empolgação da viagem não era fácil. A tralha de instrumentos preocupava, para não se pagar excesso de bagagem, graças a Deus não foi preciso. O vôo foi bem tranquilo, sem escalas, conversávamos animados que nem vimos o tempo passar, e 7 horas já estávamos desembarcando. Os instrumentos demoraram a chegar, aquele receio deles não serem tratados como carga bruta, mas deu tudo certo.

Fomos recebidos por um pastor e um seminarista da Primeira Igreja Batista de Magé, que fica a 70km da capital, entramos na Kombi e partimos pra um tour na cidade. Fiquei impressionado com as vias expressas que, mesmo com muitos veículos, o trânsito fluia rápido. O trecho mais perto do Aeroporto do Galeão (que lugar imenso!), era de um aspecto bem feio, grosseiro. Chegamos estava tudo nublado, neblina básica, e interessantemente a medida que chegávamos para a região mais central e bela da cidade, o tempo se abria, como preparando para receber aqueles goianos, que em sua maioria ainda não conheciam aquela maravilha da criação de Deus.


Já caímos direto para um passeio, o que era oportuno, já que iríamos para outra cidade em seguida. Subir no Morro da Urca, andando pelos bondinhos do Pão de Açúcar é uma experiência que todos devem passar, deslumbrar com uma vista daquela, que alcança os principais pontos do Rio de Janeiro, realmente é uma experiância única. Passamos pela ponte Rio-Niterói, vimos vários navios e barcos cargueiros e obras pra todos os lados. A desigualdade infelizmente também marca, mesmo com as barreiras nas vias expressas que tentam encobrir algumas favelas.

Após um almoço no meio do caminho, fomos para nosso destino principal: A cidade de Guapimirim, mais precisamente no Distrito de Parada Modelo, local pequeno e bastante acolhedor, ladeado por serras e montanhas de perder de vista. A Primeira Igreja Batista de Parada Modelo nos acolheu, em plenas atividades, ao qual tivemos o simples trabalho de participar, e sermos muito bem tratados, bem mais que a encomenda! Um apartamento muito bem equipando nos esperava, no terceiro andar da igreja, e além da estrutura grande de lá, ainda tinha uma praçinha que nos deixou encantados na frente, com direito a um campinho socity pra ninguém botar defeito.


Na primeira noite fomos tocar em uma Congregação da igreja, em um lugar conhecido como KM 11. Lá os cerca de 20 membros compareceram no culto de quinta, no qual fizemos o louvor e ouvimos a palavra do pastor Artur Moraes, diretor da Rádio Tribal e nosso comandante na viagem. O apoio dele e da Marília, fazendo a produção e a técnica foram fundamentais em tudo. Esse culto foi bastante aconchegante, ver o carinho daqueles irmãos humildes, mas que nos abençoaram bem mais que fomos dispostos a oferecer a eles.

No segundo dia, acordamos tarde para recompor o sono atrasado, e desfrutamos mais das belas dependências da igreja (além da saborosa comida oferecida pelas irmãs, que não bastasse os fartos almoços, nos levavam lanches como bolos de laranja, cachorros quentes, pão com mortadela, e o inesquecível guaraná Paquera, novidade para nós. Ajudamos na Escola Bíblica de Férias que acontecia com mais de 200 crianças, e a noite participamos na abertura de um festival de música, que reuniu mais de 10 bandas e cantores. Vale ressaltar o nível dos músicos da região, com excelentes cantores, como Bruna Santos e instrumentistas, como o batera Matheus, de uns 13 anos, que foi finalista do Programa "Qual é o seu talento?", do SBT. 


No sábado conseguimos mais uma chance de ir passear na capital, uma confortável van nos foi providenciada, e partimos para um roteiro cheio das maravilhas cariocas. paramos na Barra da Tijuca para um mergulho, em um local tranquilo, e mesmo com o gelo da água, foi ótimo. De lá, partimos para conhecer as carimbadas praias do Leblon, Copacabana, Ipanema, Leme, dentre outras. Paramos nas obras do Maracanã, cruzamos todos o centro, com um lugar marcante atrás do outro, que já nos eram familiares pela exposição constante na mídia em geral, e agora tão perto de nós. Passamos no local em que estavam sendo escolhido os jogos das eliminatórias do Mundial 2014, tudo cercado por forte esquema de segurança. Ao voltar, passamos o som para o dia seguinte e curtimos a pracinha charmosa que fica na frente da igreja.

No domingo, último dia inteiro, participamos da Escola Bílblica Dominical, fazendo o louvor e acompanhando o encerramento da EBF, uma grande movimentação da criançada. Almoçamos mais uma vez o cardápio generoso dos irmãos, e só restou descansar e nos preparar para a noite. A banda reuniu pra orar em uma salinha especial, muito confortável, que nos fez ter um tempinho muito bom entre nós e com Deus. Esse escriba passou mal, indisposição estomacal e dor em todo o corpo; na base de remédio, e principalmente da graça de Deus, consegui tocar, e participar de tudo. Só não descia aquela comida maravilhosa do mesmo jeito, mas tudo bem!



A volta foi cansativa, acordar 5 da manhã, pra sair 5h30, e ainda com um atraso, corremos o risco de perder o vôo devido ao trânsito engarrafado, o que era previsível na volta às aulas em 1º de agosto. Mas deu tudo certo, embarcamos no Galeão e fizemos escala em Brasília, ouve um atraso e chegamos depois das 14h00. Cansados, mas imensamente gratos a Deus por tudo o que fez por nós; a rádio Tribal, que idealizou e viabilizou tudo isso; a todos os nossos amigos e parceiros que votaram incansavelmente em nós; todos que oraram por esse projeto e os que contribuíram; nossas famílias que tanto nos apoiaram, ao pastor Adílson Porto e todos da Primeira Igreja Batista de Parada Modelo. Valeu demais!

sábado, 23 de julho de 2011

Reabilitação?! Ela disse: Não, não, não!


Sim, o assunto é intensamente explorado pela mídia, em proporções provavelmente parecidas com a morte de Michael Jackson (guardando as devidas proporções de ambas as carreiras - musicais, é bom que se diga!), o velório é que com certeza será bem diferente do mito da música pop, aqui as histórias pra se contar serão bem menores, mas as análises da importância artística da passagem de Amy Winehouse por esse mundo já são suficientes pra muito pano pra manga.

É claro que lugares comuns são inevitáveis essa hora, visto a intensidade absurda que viveu essa jovem, com certeza no pior sentido pessoal. Seu casamento com Blake Fielder-Civil foi na literalidade do sexo, drogas e rock' n roll, necessariamente o segundo termo bem mais frequente que os outros dois. Isso foi o pano de fundo para se esconder a relevância do que fazia de melhor: cantar com o potencial de uma negra autêntica na escola americana dos subgêneros criados por essa cultura.

Mas a figura apática, magra e de total descuido da imagem contrastavam com o poder que teria sóbria em um palco. Mas vê-la de cara limpa era a mais difícil das coisas, acompanhada por uma super banda, com figurinos, maquilagem e todo um clima retrô, o que precisava era soltar o vozeirão do início ao fim de um show, e isso raramente acontecia. Perdia-se a chance de não só abrir caminhos para se consolidar uma concepção musical diferenciada, mas sim para mais páginas policiais e perplexidades com os excessos alucinógenos.

Resgata-se o que seria a “idade maldita do rock” ou de ídolos musicais que marcaram épocas, cada um deixou esse mundo aos 27 anos (pasmem, eu tenho essa idade!): Jimi Hendrix, Janis Joplin, Jim Morrison, Brian Jones e Kurt Cobain. Todos mudaram padrões e foram figuras épicas, cada um ao seu tempo e estilo. Mais que um numeral de anuidade, o que fica é a vulnerabilidade que todos se deixaram expor ainda tão jovens.

Não adianta muito fazer juízo de valor sobre como e porque mais uma celebridade da música faleceu, os fatos (a se confirmarem, e a maioria são muito claros), falam por si só. O legado foi pequeno, poderia ser muito maior, ao mesmo tempo em que se poderia cair no ostracismo, e a pessoa em vida deixar os holofotes e se trancafiar em casas de recuperação e em lugares inóspitos. Qual é a diferença? A vida, tão somente a vida!

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Geraldina Celestina Guimarães


Foram 95 anos, 8 meses e 12 dias. Desde a Fazenda Sapé, às margens do rio Verdinho, no sudoeste de Goiás, passando por cidades goianas e também em Minas, até Jataí, lugar que consolidou como seu lar, ao lado de seu esposo Osório José Guimarães, bravo servo de Deus, marido, pai, avó e profissional, que foi chamado por Deus em 25 de março de 1997. 


De lá pra cá, Geraldina prosseguia, bravamente, mesmo com as limitações físicas que agravavam, coordenava o seu recanto, situado na Rua Riachuelo, nº 1381, no meio da cidade do mel, em frente ao Instituto Presbiteriano Samuel Graham, fundado pelos americanos que semearam o evangelho na cidade.


Por muitos anos, seu ministério foi o da evangelização, através da distribuição de panfletos, e da revista  devocional No Cenáculo, a qual sempre usou para o culto doméstico na família. Dona Geraldina também serviu por mais de 50 anos na Sociedade Auxiliadora Feminina, da Igreja Presbiteriana do Brasil.


Habilidades manuais  não lhe faltavam, desde o tear, até a confecção de doces caseiros, tudo passava pelo seu crivo, e contemplava com qualidade a vários outros. O movimento frenético em sua residência era sempre correspondido com uma mão estendida, seja para doar roupas, alimentar ou um breve cumprimento, completado por seu sorriso doce e angelical.


O prazer de receber e fazer visitas era imensurável, uma simples troca de olhares, já virava um animado diálogo, muitas vezes acompanhado de um convite para uma leitura edificante da palavra de Deus. Seu carisma quebrava o mais duro dos corações, qua viam que o amor ali compartilhado era maior que a frieza de qualquer indiferença humana.


Geraldina foi um presente de Deus a todos que tiveram o privilégio dessa convivência, de uma pequenina guerreira, de alma gigante. Deus pai, que a manteve entre nós, agora a levou, ao gozo de seu paraíso celeste. Após a vitória das Boda de Diamante com Osório, agora às margens do centenário, completa a sua carreira terrena, para brilhar mais ainda na eternidade.


Gratos a todos os amigos, e seus familiares que aqui ficam: 
Filhos: Jair, Wandir, Terezinha e Neura;
Netos: Alexandra, Carlos Alberto, Lurana, Larissa, Telma, Gláucia, Júlio César, Priscilla, Polliana e Paullo;
Bisnetos: Lorena, Aline, Tiago, Letícia, Carla, Andreas, Daniel, Hugo e João Marcos;
Genros e nora: Cloves, Júlio (in memorian) e Vitória.
"Herança do Senhor são os seus filhos e o fruto do ventre do Seu galardão." (Salmo 137:3)


Ps: Texto lido no culto de despedida de Geraldina. Vale ressaltar, a melhor homenagem é a que é feita em vida, e isso aconteceu em forma de livro, sete anos atrás, contando a trajetória dessa brava guerreira.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Ridículos 2011

Terminou mais uma temporada da versão brasileira de um dos realitys shows de maior sucesso no mundo. O Ídolos 2011 chegou ao fim apregoando mais uma vez que o Brasil elegeu o seu novo ídolo, legado que tem deixado nos últimos anos, e fica a pegunta: Qual é a relevância desse legado para nossa música e cultura?

Aproveitando o ensejo de uma bela crítica feita pela minha amiga Janaína Rocha em seu twitter, penso no quão superficial é toda essa fórmula televisiva que arrebanha milhares de pessoas desejosos de ter o seu lugar ao sol em nossa música. Mas o sol que eles pegam é aquele escaldante enquanto aguardam nas imensas filas durante as audições. 

O recurso mais atrativo para o grande público é justamente a antítese do sucesso: O ridículo. Como bem brinca a sátira do programa feita pelo brilhante Tom Cavalcante, os candidatos toscos, que vão para se expor de maneira tragi-cômica, fazem mais sucesso que as brilhantes vozes que ainda passam por lá. no youtube bombam os vídeos dos candidatos mais cafonas e trashs quanto possível.

As figuras que compõe a bancada são distintos e bem sucedidas personalidades da música. Marco Camargo é o que permanece desde a primeira temporada, e com um grande rei na barriga, despeja antipatia e falta de tato em várias ocasiões. Luiza Possi, nascida em berço de ouro, mas com luz própria, faz a voz da sensibilidade do juri, com papel que pouco acrescenta para o resultado final, e por fim, a figura antológica de Rick Bonadio, desgasta o seu nome já ligado a lançamentos extremamente forçados no mercado. Cada um no seu quadrado, e sendo enquadrados em um formato ultrapassado e de mal gosto.

Pegando carona em sucessos do momento como o sertanejo universitário, o programa bate na mesma tecla incansavelmente, sulgando e exigindo perfis de execução quantitativa no mainstream. O final apresentado nessa última quinta-feira foi um show... de horror! Alongando o máximo possível para dar o resultado, dramatizando o tanto que a chatice de Rodrigo Faro era capaz. 

Nos convidados do encerramento, para reforçar o estilo favorito, nada melhor que o quase sem voz (como disse sabiamente a colega Sara Borges em seu facebook) Zezé di Camargo e a marionete Luciano, além de da graciosa mas de roupa duvidosa Cláudia Leitte, tiveram a capacidade de colocar o outro produto da emissora (mais um enlatado) que consegue ser pior em todos os sentidos que o Ídolos: Os atores bonitinhos, dublê de cantores da versão brasileira do Rebeldes. Pra amenizar tanta calhordice, Lulu Santos mostrou que alguém ali tem uma carreira sólida, de seriedade, e contado com uma super banda, com o sempre fantástico goiano/tocantinense Xocolate na bateria.

Onde estão os outros grandes ídolos revelados no programa? O primeiro conseguiu alguma notoridade virando vocalista de uma banda de... pagode!? Os outros absolutamente não tenho notícias, e provavelmente não terei mais em pouco tempo do menino de 16 anos que ganhou essa edição. E com essa idade ele está pronto pra alguma coisa?

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Crescer é sensualizar?

Depois de um longo hiato de um mês (intervalo inédito desde a estréia do blog, em 1º de janeiro de 2009), volto a esse espaço desejoso de não ter outro mês como junho, em que tanto o tempo, como as idéias e o pique de postar aqui foram escassos. Mas vamos ao que interessa, dessa vez para refletir sobre um fenômeno interessante que por vezes passa despercebido para muitos.

Um comportamento está virando rotina em garotas que precocemente curtiram a fama, sempre foram as “bonequinhas” da TV, eram mascotes de programas diversos: desde novelas até humorísticos e forçados programas infantis, e, anos depois, estampam sites e revistas de entretenimento com fotos sensuais e discurso pronto: “Eu cresci!”.

Diversos astros mirins sofreram sequelas emocionais profundas ao envelhecerem. São muitas as malevolências de uma fama precoce, e a fixação de uma imagem de criança, com sua pureza peculiar, não agrada principalmente aos recém-chegados à juventude adulta. Na necessidade de recolocação na mídia, para fugir de um estereótipo e atender aos anseios da nova fase da vida, diversos apelam para um “choque” que seja a antítese daquilo que foi construído no passado.

Sim, o caminho de mudança é irreversível, assim como foi mudada a idade, muda-se o foco profissional. Porém, a abordagem voltar-se para explicitar a evolução corpórea, e impressionar o mesmo público que tinha outra lembrança completamente diferente da personalidade em questão. E uma recolocação no mercado, se tratando de Brasil, nada como exibir os dotes físicos. 

Alguns podem alegar ser uma decisão de ter atitude, um grito de independência propício para essa fase da vida, mas em contraponto a isso, penso que isso vira uma escapatória ou um atalho para o difícil regresso aos holofotes. Paga-se um preço em optar por um novo discurso, que acaba virando senso comum entre uma geração que busca um elo perdido entre os dias longínquos e a prosperidade para o futuro.

Não é uma questão pontual de vulgarização, de “baixar o nível”, mas uma cultura apodrecida que clama por radicalismos para se reciclar a exposição.  Falo de perca de essência, de linearidade. A regra geral de impressionar custe o que custar provoca essa debandada que pode ferir princípios e valores em busca de se voltar ao topo, uma luta pela sobrevivência a partir daí, pode levar a destinos sombrios e tortuosos.

sábado, 28 de maio de 2011

País da impunidade

Cerca de onze anos atrás o Brasil assistia estarrecido um relacionamento profissional, que ultrapassou o campo pessoal, logo após o rompimento, acabar em morte. Tendo como pano de fundo a redação de um dos maiores jornais do país, uma jornalista termina o namoro com seu chefe, que a faz pagar com a vida. Se o crime fosse coberto de mistérios, pareceria fácil um roteiro de novela ou de livro da Agatha Christie.

Mas a coisa foi mais transparente que se imaginava. houve testemunhas e o réu foi confesso. Apenas sete meses foi o tempo em que aguardou na prisão até se seguir a peregrinação que demoraria tanto tempo para o mandar de volta. Seu status profissional e de idade aparentemente não seriam empecilho para um julgamento mais severo, mas de alguma maneira foram, principalmente pelo trabalho que sua defesa travou para poupá-lo ao máximo do que merecia.

A emblemática frase dita pelo condenado fala por si só: "Se você não é minha, não será de ninguém!", mostra a obsessão que o advogado e jornalista, já sexagenário na época, tinha pela ex-namorada. A diferença de idade era um ingrediente mínimo no agravante que levou ao triste fim da vítima. O desequilíbrio do então imponente homem tomou a proporção extrema que tirou uma vida.

O julgamento já demorou quase seis anos para finalmente sair a condenação. 19 anos era a sentença inicial, porém, logo uma liminar o salvou. Depois disso, uma sequência de recursos foi percorrendo todas as instâncias do Poder Judiciário, até enfim dar o último suspiro essa semana, no Supremo Tribunal Federal. Todas as brechas possíveis da nossa lei frouxa e defasada foram usadas, um jogo intenso dos advogados nos Tribunais que permitiram todo esse atraso para uma sentença que esperou mais de uma década para sair.

Episódios como esse mostram a fragilidade da justiça brasileira, que mesmo legitimando coisas assim, não escapa de uma análise revoltante para com sua morosidade. O Código Penal e demais dispositivos da lei que permitem que um assassino fique tanto tempo livre, e relaxe sua prisão a poucos meses, infelizmente se prestam a um papel de tolerância com o intolerável.