Blog do Paullo Di Castro


quarta-feira, 28 de março de 2012

Tá liberado! Para nossa alegria, só que não!

Enquanto o Brasil se vê às voltas com a Operação Monte Carlo, os trabalhos no Congresso Nacional seguem. Na noite dessa quarta-feira, no Plenário da Câmara dos Deputados, nossos representantes votaram uma Lei seríssima, cujas consequências poderão ser bem graves. A Lei Geral da Copa, propõe questões vitais para o andamento do Mundial de Futebol de 2014. Uma das pauta sempre recai no futebol brasileiro: A venda de cervejas. 


Primeiramente é bom deixar claro: Não bebo, não gosto de cervejas, com raríssimas exceções, o que mais raramente ainda me leva a saborear alguma. Independente disso, meu posicionamento nessa questão não se limita a gosto pessoal, mas sim a preocupação das eminências proporções que a liberação pode causar. Isso pra mim é uma carta branca para o torcedor ficar livre pra agir como bem o álcool o quiser controlar, em uma competição como a Copa do Mundo, trazendo visitantes de todas as partes do mundo, os riscos só aumentam.


Claro que fazer "esquenta" em bares de arredores é normal, na porta do estádio é inevitável, muitos entram já "calibrados", agora isso não se compara à venda dentro do local, onde o torcedor ficará por mais de duas horas, com as emoções a flor da pele. O consumo desenfreado, aliado ao contágio que o jogo proporciona não transmitem a menor segurança. Parece tempestade em copo d'água, mas confusões podem ser armadas a qualquer momento.


É claro que o interesse da FIFA é pela liberação, o dinheiro que entra e interesse popular são maiores, passando por cima de todos os riscos que se fica sujeito. O que o Estatuto do Torcedor (na proibição da venda), delibera não é nada nessa hora, dinheiro é tudo. E com certeza alguns parlamentares estão muito bem recompensados por essa medida, como lhes é peculiar em todas as votações. Veja aqui a lista com os votos dos deputados.


A UEFA, entidade que rege o futebol da Europa, foi exatamente na contramão, proibindo a comercialização de bebida alcóolica em seus estádios. A diferença da cultura de estádios lá com o Brasil é gritante, e essa disparidade só faz ressaltar isso. Com o empurrãozinho das autoridades pouca coisa vai mudar, e com toda corrupção que assola a organização da Copa, mesmo com a presidente tomando medidas rígidas, mais um ingrediente põe o Brasil em situação delicada ao sediar o Mundial.


Parabéns aos deputados Ronaldo Caiado (DEM) e Armando Virgílio (PSD) que se posicionaram no plenário e defenderam no twitter a favor da proibição. Lamento pelos deputados goianos que votaram o não contra as bebidas: Flávia Moraes (PDT), Jovair Arantes (PTB), Leandro Vilela (PMDB), Magna Mofatto (PTB), Marina Santanna (PT), Pedro Chaves (PMDB), Rubens Otoni (PT), Sandes Junior (PP) e Valdivino de Oliveira (PSDB). Fizeram um desserviço à população, e as consequências virão.


Em tempo: A lei ainda dá a autonomia aos estados-sedes para decidir, a matéria ainda será votada no senado, mas não é difícil imaginar o lobby e o esforço para que tudo saia como convém a quem é de interesse.

sexta-feira, 23 de março de 2012

Até tu, Demóstenes?




Essa é a pergunta que o Brasil mais tem feito nas últimas horas. O senador que por anos construíu uma  imagem de caráter ilibado, luta pela ética e honra, formação juridica brilhante, que despontou em Goiás como um grande secretário de Segurança Pública e Justiça, que o levou ao Congresso para se tornar referência na área. Agora tudo entra em xeque, ao cair uma bomba sobre as fortes ligações com o bicheiro Carlinhos Cachoeira.


De algumas semanas pra cá, o envolvimento já era desenhado, porém, sem nada que atingisse em cheio o senador, até a revista Carta Capital soltar a matéria: "Os 30% de Demóstenes". A participação do parlamentar seria bem maior que a imaginada pela maioria. Escutas da Polícia Federal dariam conta que o montante de R$ 170,00 seria repassados em 1/3 para Demóstenes, que por indicações controlaria a legalidade das máquinas caça-níqueis em Goiás.


Em seu twitter, Demóstenes se defendeu com o juridiquês cabível, negando veementemente qualquer veracidade dessas informações. Sim, ele tem todo o direito a defesa, o que todo jurista nos faz questão de lembrar. As influências que o senador tem no Poder Judiciário, são percebidas no fato que que a  Procuradoria Geral da República teria recebido as denúncias da Polícia Federal em 2009, e não teria levado o caso adiante, como levantou o jornalista Josias de Souza em seu blog.


As denúncias não estão aliviando o lado partidário, visto que são citados também os deputados Rubens Otoni (PT), Carlos Alberto Leréia (PSDB), Sandes Júnior (PP) e Jovair Arantes (PTB), e até o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), esse porém de forma mais superficial, apenas com o negócio de uma casa em um condomínio de luxo, que pertencia a Marconi e foi vendida para Cachoeira, segundo esse um "presente" para seu filho que estava casando.


Com tamanho trânsito que o senador tem nesses meios, e sua formação, fica mais difícil acreditar em sua na inocência. Seu partido, o Democratas, já está em enorme descrédito desde a queda de José Roberto Arruda no DF, e a debandanda de vários filiados para o ressurreto PSD. No mesmo dia em que o deputado Ronaldo Caiado, tal como Demóstenes respeitado pela sua seriedade, alegou também no twitter não assinar a CPI que investigaria Cachoeira, a bomba explode pro lado de Demóstenes. Coincidência?


Não votei em Demóstenes em sua última disputa eleitoral, o motivo foi um fato isolado, do mesmo ter sido contrário à obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissão de jornalista. Fora críticas pontuais, nunca duvidei do homem Demóstenes Torres. Agora resta acompanhar o prosseguimento do caso, e ver se essa reserva moral cairá por terra, e decepcionará mais ainda os brasileiros com a descreditada classe política.