Blog do Paullo Di Castro


quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Pouca renovação.

Estou envolvido nas eleições municipais de Goiânia, e não acho ético comentar nada sobre as mesmas. Mas para não ficar com os dedos coçando, tenho observado de longe algumas capitais do Brasil que tem campanhas bem interessantes. Algumas com uma movimentação que sinto faltar aqui, mas sem mais por aqui, vamos falar das de lá.

O Rio de Janeiro é o que mais tem me chamado a atenção. O caminho tá livre pro prefeito Eduardo Paes faturar a reeleição, mas existe um fator surpresa interessante. Subindo impressionantemente está o candidato do PSOL Marcelo Aleixo, com o vice Marcelo Yuka, ex-O Rappa. A chapa pura dos socialistas nunca incomodou tanto. Os xarás representam um discurso social contundente, que vai de encontro à realidade dos cariocas. Mesmo que não tenham fôlego pra alcançar o prefeito, a ousadia e frutos dela poderão abrir bons caminhos para eles e a legenda. A dupla inusitada Rodrigo Maia (DEM) e Clarissa Garotinho não alcançarão agora o posto já conquistado e desgastado de seus pais.

São Paulo também tem novidades interessantes. Quando a polarização entre José Serra (PSDB) e Fernando Haddad (PT) parecia certa, surge Celso Russomano (PRB) e desponta pra liderança. Pólvora pura nos ninhos tucanos e petistas. O desespero bate, para o antipático Serra, com a imagem arranhada de tantos pleitos eleitorais pro executivo disputados (e maioria perdidos), e também com Haddad, nova aposta que Lula tenta carregar nas costas, mesmo com um programa eleitoral com recursos de primeiro mundo dificilmente mudará isso. Gabriel Chalita (PMDB) e Soninha Francine (PPS) tinham potencial, mas sem alianças fortes, são cartas foras, vão negociar como é tradicional com os cabeças.

Em Porto Alegre a simpática e aguerrida Manuela D'Ávila (PCdoB) sofre pra quebrar a tradição eleitoral gaúcha, sempre polarizada, mesmo ela entrando nessa polarização, tirar a reeleição de José Fortunati (PDT), carregado pelo espólio de Leonel Brizola, é um grande desafio. Manuela tem bom diálogo com segmentos da juventude, esportes e cultura. Mas isso pra competir com a máquina do governo torna a tarefa ingrata, mas acredito que ela tem potencial pra virar o jogo. Aliar-se com o PSD demonstra a determinação dessa campanha.

Outras capitais não me chamaram tanto a atenção, em Belo Horizonte os petistas deixaram a estranha aliança com os tucanos, e não devem tirar a reeleição de Márcio Lacerda (PSB), continuando a hegemonia tucana mineira. Em Salvador o Neto de um dos maiores coronéis do Brasil tem tudo pra continuar a dinastia levar as três siglas que mandaram tantos anos por lá. Desejo ao menos que São Luís do Maranhão e Maceió-AL respirem longe disso. Mas não é fácil não. Ao menos, é bom ver quadros buscando renovação nas cidades, mesmo que o eleitor não se conscientize e prefira dar seu voto ao continuísmo, ou mesmo se excluir do processo anulando o voto, mas esse assunto fica pra outro post.

2 comentários:

  1. Lamento muito que os projetos políticos não sejam trabalhados a longo prazo, no Rio de Janeiro o Gabeira fez uma ótima eleição o Paes ganhou com diferença de poucos pontos percentuais; mas estranhamente Gabeira, não militou pela cidade maravilhosa durante a gestão de Paes e sequer se apresentou como candidato para esse pleito. Diferente desse efeito, temos Vanderlan Cardoso, ex-candidato a governo de Goiás, continua militando e alavancando sua candidatura outro exemplo mais pouco evidente é o de Marina Silva ex-PV, a mesma tem viajado pelo país, mas esta se atendo no embate das eleições municipais.

    ResponderExcluir
  2. Hum, interessante conhecer esse panorama! Gostei! PSOL subindo no Rio é bacana. Concordo com o Paulo... sobre os projetos políticos não trabalharem a longo prazo. Limitam-se ao eleitoral/eleitoreiro, na maioria dos casos.

    Participei esse fim de semana de uma escola de educação popular em que debatemos o mais fundo que conseguimos sobre um projeto político popular. Incrível como a fase eleitoral fica apenas como um instrumento hoje trabalhado de maneira equivocada, quando abrimos o campo de visão para o que é política e representações.

    ResponderExcluir