Blog do Paullo Di Castro


quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Minha maioridade na vida ON LINE


Fui voltando uns anos atrás e lembrei um pouco dos meus primeiros contatos com o mundo virtual. Era 1995, eu um molecote de 11 para 12 anos, e pela primeira vez na vida tive um computador em casa. Nem internet inicialmente tinha. Minha irmã, bem mais sedenta por contatos extra pessoais, era a titular do desktop. Eu me contentava em ficar com os horários que sobravam, tomando contato com os primeiros navegadores. O Explorer estava se lançando como a única opção. Windows 95 era a última palavra em tecnologia. Bill Gates reinava.

Com os sites de busca, a desculpa por usar tudo para pesquisa escolar era ótima. Era época do Cadê, o Google não tinha crescido ainda. As enciclopédias virtuais eram interessantíssimas, um mundo novo em um CD-Rom, coisas que hoje facilmente se hospeda em um único site ou se carrega em um pen drive

A primeira conversa no ICQ, o percursos do já extinto MSN, foi fascinante. Conversar com um colega em tempo real, entrar em salas pra conhecer pessoas em qualquer lugar do mundo parecia um trem doido demais. E os jogos? Nunca fui viciado, joguei muito moderadamente, mas os poucos que tinha já me deixavam feliz!

Depois vieram as redes sociais, ah as redes sociais. Demorou muito, lá pra 2003 que descobri o MSN. Foram listas incontáveis de bate papo, mas que rendia mesmo só com poucos. Em 2004 veio o Orkut, que sensação! Que mundo novo, com todo mundo entrando, aquelas pessoas que não via tinha tanto tempo! Podendo postar fotos, deixar depoimentos, mensagens privadas, tudo muito fascinante!

Em 2008 descobri o twitter, de longe minha rede social favorita. Era muito legal exercer o poder da síntese, e passar mensagens em até 140 caracteres. A interação era muito bacana e a chegada de informações melhor ainda. Um ano depois entrei no Facebook, não fui com a cara dele incialmente e não imaginei que ele tomaria o lugar do Orkut, até em proporções maiores na preferência do brasileiro.

Aí veio o Instagram e Whatsapp e revolucionaram definitivamente a conexão móvel nas redes sociais. Em era de tablets e smartphones o uso do Desktop e até de notbooks vai ficando em segundo plano. São tantos elementos agregadores, novidades que desafiam as inovações dos fabricantes, e segue “a tecnologia resolvendo problemas que não existiam antes dela.”

Completar mais de 18 anos no mundo virtual trás reflexões importantes. Qual o uso que tenho feito dele? Quando o lado profissional atropela o real e passa pela futilidade de coisas inúteis, ao lado de coisas interessantes e edificantes? São perguntas que não tem resposta certa, mas provocam desafios para esses mundos tão paralelos e inseridos em nossa sociedade. O tato e contato com as pessoas ainda não foi substituído. As ferramentas tecnológicas seguem apenas como agregadores para nossa existência.




terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

A ditadura da IMAGEM

        
Vivemos tempos em que o trabalho em comunicação tem sido transformado por uma nova abordagem que tem ocupado o espaço do texto tradicional, ou mesmo de grandes reflexões em análises científicas e literárias. Com o advento de mídias móveis, a facilidade do registro de um momento por fotografia e filmagens, seja em baixa ou alta qualidade cresce a olhos vistos, tudo muito acessível a todos. Agora é tempo de imagens serem protagonistas em várias linguagens de comunicação.

As redes sociais com certeza são uma mola propulsora para essa realidade. O Facebook cresceu em especial no Brasil com seu designer clean e que privilegia a postagem de muitas imagens. Depois vieram mídias como o Instragram, que prioriza totalmente o compartilhamento de fotos e micro vídeos. O que temos visto é que vale mais registrar o visual, o conteúdo é o de menos. Até o Twitter que sempre priorizou o texto em 140 caracteres, depois abriu pra exibição de imagem anexa na postagem.

No whatsapp a sensação é passar os vídeos populares ou feitos na hora, tudo bem rápido. Isso substituiu de alguma forma as correntes de e-mail que tanto poluíam nossa caixa de entrada. Agora tudo chega direto no celular em forma de vídeo. Outro ponto forte da rede é a instantaneidade do bate papo com a praticidade que mídia nenhuma tinha conseguido criar.

Profissionais de criação gráfica passaram a trabalhar agregando um pequeno texto a uma imagem, e isso com o apelo visual rende muito mais visualizações que um texto corrido. Isso tem mudado e muito o marketing digital. Jornalistas e articulistas tem perdido espaço em só usar a escrita. Em assessorias de comunicação o que se tem pedido é uma enxurrada de fotos e vídeos, e quando o assunto é muito importante, se pensa no texto de reportagem.

Por mais belas que sejam imagens trabalhadas e, por mais fascinante que seja subir uma foto ou um vídeo na hora do acontecimento, a pobreza de ter apenas um enunciado explicado o momento perde e muito na clareza e riqueza de detalhes que só um texto pode trazer. Substituir o conteúdo discursivo por meras imagens é um caminho preocupante.


Hoje o caráter argumentativo que internautas praticam rendem muito mais meros comentários rasos em redes sociais do que o discurso elaborado, com começo, meio e fim. A formação intelectual do indivíduo empobrece com esse padrão de privilegiar imagem. Fotos e vídeos comunicam diversas coisas, mas até elas dependem de um roteiro que se não for agregado dará margens pra interpretações que poucas vezes vão comunicar todo o valor que pode ser explorado. 

Certas imagens pode até falar mais que palavras, porém em um contexto geral, palavras sempre falarão mais que imagens!